quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Uma história de 52 anos no campo/ Trabalhador rural cultiva mais de 100 mil bananeiras em Araquari

Quem passa pelo Ponto Alto, aqui em Araquari e, olha para cima, tem diante dos olhos uma beleza natural em folhas verdes que cobrem 25 hectares de terra, são as bananeiras de seu Nilton Garcia. Ele é natural de Morro do Jacu e veio para a localidade de Ponto Alto, em 1961 quando o pai resolveu se mudar com a família.

Nilton conta que na cidade em que moravam, ele já costumava trabalhar na área rural. “O pai tinha uma criação de porcos de mangueirão e então, eu já me acostumei a trabalhar desde cedo”. Em Araquari, o pai de Nilton, mudou a atividade de campo para o cultivo de mandioca e ali eles começavam a trabalhar no engenho de farinha.

Nilton não gostava muito dessa atividade, então resolveu investir em outra plantação. Mudou da farinha, aos poucos, para a salsa de tempero que cultivou por cinco anos. “A salsa foi um bom investimento, dava um bom retorno financeiro”, diz orgulhoso de ter coragem para partir para uma nova atividade.

Iniciada a plantação em 1986, por incentivo de um instrutor que o cedeu algumas mudas, começou a vender para várias indústrias e já tinha cinco mil metros de plantação. Além do cultivo da leguminosa, Nilton também trabalhava com o plantio de feijão e milho como mais uma forma de renda.

Mas, o tempo passou e as idéias retornaram com uma nova produção. Dessa vez, por incentivo de um vizinho, Nilton começou a plantar maracujá, o fruto que deixou a cidade de Araquari, conhecida como a Capital Catarinense do Maracujá. Ao voltar ao passado, seu Nilton transborda euforia, ao perceber seu crescimento na agricultura. “Já na primeira produção conseguimos 2.500 caixas de maracujá”, relembra.

As datas marcam a importância do fato para o homem do campo, e ele traz mais uma vez, o ano de 1992 como um marco em sua vida. “Nesse ano conseguimos produzir cinco mil caixas de maracujá e no ano seguinte, 24 mil caixas. Era um caminhão, todo dia, cheio de maracujá”.

Hoje, em seu escritório, que fica na própria casa, traz as recordações saudosamente, mas lembra também da maior dificuldade. “Quando comecei, o problema aqui é que não tinha telefone e a comunicação com os compradores era muito difícil”. Na época, seu Nilton estava construindo sua casa, e decidiu parar a construção para adquirir um telefone que custava 18 mil dólares. Com o telefone em mãos, o problema da comunicação com os clientes, estava resolvido.

Em casa, ele acabava por produzir suas próprias mudas. Porém, assim como as outras plantações, seu Nilton começou a sentir a necessidade de expandir os negócios e melhorar o ramo da agricultura. Após sete anos trabalhando no cultivo do maracujá, percebeu a queda nos preços e a dificuldade em manter as doenças longe dos frutos. Resolveu partir para a plantação de bananas, atividade que mantém até hoje e possibilitou suas conquistas.

Começando com quatro mil plantas e como ele mesmo diz “Não passo um ano sem aumentar um pouquinho a área de banana”, atingiu 100 mil plantas.  E agora afirma convicto: “Não vou mudar mais, essa é a minha atividade”. 

Em seus terrenos, seu Nilton possui 60 por cento de banana da espécie caturra, ou como muitos conhecem, a famosa banana nanica e, os 40 por cento restante, são as bananas prata que ocupam, ou como é conhecida também: banana branca.

Muito verde, muitas plantas e apenas um corredor de terra entre elas. O caminho parece uma alameda de bananeiras. Um lugar calmo, singelo e em constante contato com a natureza. O silêncio revela ali, apenas o cantar dos pássaros e o assovio do vento que ora ou outra, entoa seu grito, nos dias mais frios.

Mas, cultivar banana não é para qualquer um. Quem nunca comeu aquela cuca quentinha, aquele musse de banana, torta de banana, sobremesa, ou mesmo banana frita?  Pois é, seu Nilton tem o costume de consumir a fruta que produz, mas, ele, sabe de todo o processo de cultivo e de todo o trabalho que foi feito para que só então o fruto pudesse ser consumido.

Após plantar a bananeira é necessário cuidar dela como se cuida de uma família. Existe entre a planta o que seu Nilton chama de planta mãe, que é aquele pé que já deu banana e dele sairá as plantas filhas, onde uma delas, a mais forte, será escolhida para gerar o fruto do próximo ano.  Entre cada pé de banana é necessário deixar aproximadamente 2 metros e meio para que elas cresçam em um bom espaço e não se machuquem. “Uma planta dessas é visitada pelo menos 20 vezes no ano”, informa seu Nilton.

As visitas não são apenas para dar uma espiada e espantar as aves que querem se alimentar. São para cortar o coração quando ele está com uns 30 centímetros para que não pese no cacho, para ensacar os cachos e protegê-los dos arranhões das árvores, para colocar um cordão transpassado que vai segurar a planta para que ela não tombe com os ventos e para tirar os frutos que estão separados dos cachos. “Só podemos vender as bananas se elas estiverem em pencas de pelo menos seis frutos”, explica.

Depois de toda essa preocupação e cuidado, é necessário verificar sempre se a planta não tem fungo e evitar os ácaros.  Para afirmar que uma planta está saudável é necessário que haja pelo menos 8 folhas verdes, assim, o fruto também será saudável e de fácil venda.

Se antes, seu Nilton se preocupava com a falta de comunicação, hoje o problema era com a pulverização das plantas para mantê-las seguras de fungos e saudáveis. Contudo, esse problema também já foi resolvido com a aquisição de um trator gabinado. “O que antes era trabalho, hoje é até uma forma de diversão”, conta seu Nilton, sorrindente. O trator oferece conforto aos trabalhadores, e também diversão.

Enquanto pulveriza os pés de bananas, o funcionário ainda pode ouvir música dentro do trator. Uma novidade tecnológica que veio para o campo, também para trazer proteção ao trabalhador que agora fica dentro da gabine.

Atualmente, o homem do campo, orgulhoso de seu trabalho e suas conquistas, já tem os filhos ao seu lado, trabalhando junto e a maior dificuldade que encontra, é conseguir mão de obra qualificada. “Hoje eu até ofereço moradia para os funcionários, mas está difícil conseguir alguém para trabalhar no campo e que seja qualificado na área”.

Independe disso, seu Nilton tem aproximadamente 30 compradores de seu produto e vende também para Maringá. Em um ano, chega a produzir 50 toneladas de banana nanica e 30 toneladas de banana branca. Com seu trabalho, conseguiu construir sua casa, adquirir mais áreas para plantação, um carro bom e confortável e ainda, empregar algumas famílias.  “Hoje eu posso dizer que sou um homem feliz e muito satisfeito com meu trabalho”.

Dados da agricultora:
Hoje na cidade, a Secretaria de Agricultura e Pesca chega a atender aproximadamente 300 famílias, oferecendo serviços como patrulha agrícola mecanizada para o preparo de solo e colheita, capacitação para agricultores, por meio da EPAGRI, emissão de blocos de nota  que ajudam os agricultores na comercialização dos produtos e alguns serviços de inseminação artificial de bovinos. O Secretário Sanderlei de Jesus Duarte ainda busca realizar algumas visitas com sua equipe: “Nós buscamos auxiliar ao máximo nossos agricultores e incentivar para que sigam com seus trabalhos. Algumas visitas são feitas também para perceber as necessidades maiores”. Após as visitas a Secretaria pensa na melhor forma de atender ao trabalhador do campo e se necessário, solicita o auxílio da EPAGRI.

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