Quem passa pelo Ponto Alto, aqui em
Araquari e, olha para cima, tem diante dos olhos uma beleza natural em
folhas verdes que cobrem 25 hectares de terra, são as bananeiras de seu
Nilton Garcia. Ele é natural de Morro do Jacu e veio para a localidade
de Ponto Alto, em 1961 quando o pai resolveu se mudar com a família.
Nilton conta que na cidade em que moravam, ele já costumava trabalhar na área rural. “O pai tinha uma criação de porcos de mangueirão e então, eu já me acostumei a trabalhar desde cedo”.
Em Araquari, o pai de Nilton, mudou a atividade de campo para o cultivo
de mandioca e ali eles começavam a trabalhar no engenho de farinha.
Nilton não gostava muito dessa
atividade, então resolveu investir em outra plantação. Mudou da farinha,
aos poucos, para a salsa de tempero que cultivou por cinco anos. “A salsa foi um bom investimento, dava um bom retorno financeiro”, diz orgulhoso de ter coragem para partir para uma nova atividade.
Iniciada a plantação em 1986, por
incentivo de um instrutor que o cedeu algumas mudas, começou a vender
para várias indústrias e já tinha cinco mil metros de plantação. Além do
cultivo da leguminosa, Nilton também trabalhava com o plantio de feijão
e milho como mais uma forma de renda.
Mas, o tempo passou e as idéias
retornaram com uma nova produção. Dessa vez, por incentivo de um
vizinho, Nilton começou a plantar maracujá, o fruto que deixou a cidade
de Araquari, conhecida como a Capital Catarinense do Maracujá. Ao voltar
ao passado, seu Nilton transborda euforia, ao perceber seu crescimento
na agricultura. “Já na primeira produção conseguimos 2.500 caixas de maracujá”, relembra.
As datas marcam a importância do fato para o homem do campo, e ele traz mais uma vez, o ano de 1992 como um marco em sua vida. “Nesse
ano conseguimos produzir cinco mil caixas de maracujá e no ano
seguinte, 24 mil caixas. Era um caminhão, todo dia, cheio de maracujá”.
Hoje, em seu escritório, que fica na própria casa, traz as recordações saudosamente, mas lembra também da maior dificuldade. “Quando comecei, o problema aqui é que não tinha telefone e a comunicação com os compradores era muito difícil”.
Na época, seu Nilton estava construindo sua casa, e decidiu parar a
construção para adquirir um telefone que custava 18 mil dólares. Com o
telefone em mãos, o problema da comunicação com os clientes, estava
resolvido.
Em casa, ele acabava por produzir suas
próprias mudas. Porém, assim como as outras plantações, seu Nilton
começou a sentir a necessidade de expandir os negócios e melhorar o ramo
da agricultura. Após sete anos trabalhando no cultivo do maracujá,
percebeu a queda nos preços e a dificuldade em manter as doenças longe
dos frutos. Resolveu partir para a plantação de bananas, atividade que
mantém até hoje e possibilitou suas conquistas.
Começando com quatro mil plantas e como ele mesmo diz “Não passo um ano sem aumentar um pouquinho a área de banana”, atingiu 100 mil plantas. E agora afirma convicto: “Não vou mudar mais, essa é a minha atividade”.
Em seus terrenos, seu Nilton possui 60
por cento de banana da espécie caturra, ou como muitos conhecem, a
famosa banana nanica e, os 40 por cento restante, são as bananas prata
que ocupam, ou como é conhecida também: banana branca.
Muito verde, muitas plantas e apenas um
corredor de terra entre elas. O caminho parece uma alameda de
bananeiras. Um lugar calmo, singelo e em constante contato com a
natureza. O silêncio revela ali, apenas o cantar dos pássaros e o
assovio do vento que ora ou outra, entoa seu grito, nos dias mais frios.
Mas, cultivar banana não é para qualquer
um. Quem nunca comeu aquela cuca quentinha, aquele musse de banana,
torta de banana, sobremesa, ou mesmo banana frita? Pois é, seu Nilton
tem o costume de consumir a fruta que produz, mas, ele, sabe de todo o
processo de cultivo e de todo o trabalho que foi feito para que só então
o fruto pudesse ser consumido.
Após plantar a bananeira é necessário
cuidar dela como se cuida de uma família. Existe entre a planta o que
seu Nilton chama de planta mãe, que é aquele pé que já deu banana e dele
sairá as plantas filhas, onde uma delas, a mais forte, será escolhida
para gerar o fruto do próximo ano. Entre cada pé de banana é necessário
deixar aproximadamente 2 metros e meio para que elas cresçam em um bom
espaço e não se machuquem. “Uma planta dessas é visitada pelo menos 20 vezes no ano”, informa seu Nilton.
As visitas não são apenas para dar uma
espiada e espantar as aves que querem se alimentar. São para cortar o
coração quando ele está com uns 30 centímetros para que não pese no
cacho, para ensacar os cachos e protegê-los dos arranhões das árvores,
para colocar um cordão transpassado que vai segurar a planta para que
ela não tombe com os ventos e para tirar os frutos que estão separados
dos cachos. “Só podemos vender as bananas se elas estiverem em pencas de pelo menos seis frutos”, explica.
Depois de toda essa preocupação e
cuidado, é necessário verificar sempre se a planta não tem fungo e
evitar os ácaros. Para afirmar que uma planta está saudável é
necessário que haja pelo menos 8 folhas verdes, assim, o fruto também
será saudável e de fácil venda.
Se antes, seu Nilton se preocupava com a
falta de comunicação, hoje o problema era com a pulverização das
plantas para mantê-las seguras de fungos e saudáveis. Contudo, esse
problema também já foi resolvido com a aquisição de um trator gabinado. “O que antes era trabalho, hoje é até uma forma de diversão”, conta seu Nilton, sorrindente. O trator oferece conforto aos trabalhadores, e também diversão.
Enquanto pulveriza os pés de bananas, o
funcionário ainda pode ouvir música dentro do trator. Uma novidade
tecnológica que veio para o campo, também para trazer proteção ao
trabalhador que agora fica dentro da gabine.
Atualmente, o homem do campo, orgulhoso
de seu trabalho e suas conquistas, já tem os filhos ao seu lado,
trabalhando junto e a maior dificuldade que encontra, é conseguir mão de
obra qualificada. “Hoje eu até ofereço moradia para os
funcionários, mas está difícil conseguir alguém para trabalhar no campo e
que seja qualificado na área”.
Independe disso, seu Nilton tem
aproximadamente 30 compradores de seu produto e vende também para
Maringá. Em um ano, chega a produzir 50 toneladas de banana nanica e 30
toneladas de banana branca. Com seu trabalho, conseguiu construir sua
casa, adquirir mais áreas para plantação, um carro bom e confortável e
ainda, empregar algumas famílias. “Hoje eu posso dizer que sou um homem feliz e muito satisfeito com meu trabalho”.
Dados da agricultora:
Hoje na cidade, a Secretaria de
Agricultura e Pesca chega a atender aproximadamente 300 famílias,
oferecendo serviços como patrulha agrícola mecanizada para o preparo de
solo e colheita, capacitação para agricultores, por meio da EPAGRI,
emissão de blocos de nota que ajudam os agricultores na comercialização
dos produtos e alguns serviços de inseminação artificial de bovinos. O
Secretário Sanderlei de Jesus Duarte ainda busca realizar algumas
visitas com sua equipe: “Nós buscamos auxiliar ao máximo nossos
agricultores e incentivar para que sigam com seus trabalhos. Algumas
visitas são feitas também para perceber as necessidades maiores”. Após
as visitas a Secretaria pensa na melhor forma de atender ao trabalhador
do campo e se necessário, solicita o auxílio da EPAGRI.
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