Grupo
atua há 15 anos no município
A tradição foi trazida para o Brasil pelos
colonizadores luso-açorianos em 1534 e é mantida principalmente no litoral do
país e no meio rural. Em Araquari, a ideia de criar um grupo para manter a
tradição que já havia se perdido partiu de Valério, quando atuava como
professor de violão na Casa da Cultura do município.
“Inicialmente a ideia foi montar
um grupo para cantar músicas no estilo de Terno de Reis e nós conseguimos, mas começou
com senhoras. O grupo ficou conhecido no município e recebeu o nome de Mocinhas
da Cidade”, conta. Segundo Valério, o
objetivo era resgatar e preservar todos os tipos de manifestações culturais
pelas quais a Araquari já havia passado e a música foi o primeiro passo para
ele.
“Depois eu comecei a tocar na
igreja e, junto com o pessoal que já tocava por lá resolvi adaptar a ideia e
formar um grupo de Terno de Reis que foi aceito pela Jucélia e pelo João e hoje
tocamos em Araquari, Joinville e temos agenda em Piçarras também”, diz.
O trio sempre começa os ensaios no início de
dezembro e segue com as apresentações até o dia 6 de janeiro, de acordo com a
tradição católica, de onde o Terno de Reis surgiu como uma homenagem aos três
reis magos que vão atrás de uma estrela que aparece no céu, no dia do
nascimento de Jesus, 25 de dezembro.
Gaspar, Melchior e Baltazar saem à procura do menino
Jesus, levando presentes como ouro, mirra e incenso e, chegam a Belém no dia 6
de janeiro, Dia de Reis e data que o grupo encerra suas atividades.
Dona Jucélia é responsável pelo tambor e pandeiro,
Valério toca cavaquinho e seu João comanda o violão, enquanto os três cantam as
músicas que falam da história de Jesus ou relembram o natal como uma época de
celebrar a vida. De porta em porta, eles
saem por Araquari e sempre são muito bem recebidos.
“O pessoal já
espera essa data, espera que a gente vá e, alguns se emocionam e chegam até a
chorar”, conta dona Jucélia sem perder o sorriso e o orgulho de fazer parte do
grupo que além de resgatar a tradição, alegra os lares do município.
Para ela, já é herança de família. Cresceu ouvindo e
vendo grupos de Terno de Reis. “Meu avô já participava de grupos, meus amigos
também. Acho que já corre no sangue essa vontade”, diz Jucélia.
O cronograma é simples: a apresentação se divide em
três partes. Na chegada, o trio cumprimenta os donos da casa e pedem licença
para entrar. Como sempre saem de madrugada, esperam o sinal que é a luz ser
ligada: “essa é a resposta que
precisamos para saber que o dono está se levantando e vai nos atender”, explica
Valério.
No segundo ato,
louvam o menino Jesus já dentro da sala ou outro cômodo que o dono oferecer. Se
houver presépio no local, a apresentação é feita em frente dele. A cantoria é
interrompida quando o dono da casa, seguindo o exemplo dos reis magos,
presenteia o grupo com bebidas e comidas, ou mesmo dinheiro que é colocado
dentro do violão.
E o último ato é a despedida. Assim, o trio parte
para a próxima casa. De acordo com a cultura popular quem recebe o Terno de
Reis é abençoado.
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