segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

As Anas de Joinville

"Joga, joga pra mim", grita Ana Paula Silva, de 12 anos, enquanto joga taco com os colegas de bairro na rua em que mora. Vestida com uma calça de moletom lilás, sovada, e uma camiseta que faz parte do uniforme escolar estadual e calçando um chinelo Havaianas verde, ela pula e comemora os pontos que marca. A menina mora no bairro Santa Catarina, também conhecido por Profipo (Projeto Financiado pela Prefeitura), localizado no sul de Joinville. A população do bairro é de cerca de 10 mil pessoas, divididas em 5.194 mulheres e 5.407 homens, segundo os dados do Instituto de Pesquisa e Planejamento para o Desenvolvimento Sustentável de Joinville (Ippuj). 

As crianças e adolescentes formam 36% da população do bairro. E todas as tardes, após as 15 horas, elas se reúnem na “pracinha”. A intenção é brincar nos balanços e escorregador, porém, a estrutura do parquinho não comporta o número de crianças e as condições físicas do local não são favoráveis. Em meio às correntes enferrujadas das balanças e às tabuas podres e gastas do escorregador, elas se divertem por alguns minutos, mas isso apenas até o grupo completo de crianças chegar. 

Lá vem um garotinho ativo e comanda o grupo para o campo de areia. Embaixo do braço traz uma bola velha e descosturada, mas ainda assim, uma bola. O menino tem 12 anos e seu nome é Israel, ele é irmão gêmeo de Ana. Os quinze meninos que o esperavam partem atrás dele e o jogo começa. A diversão acontece entre gritos, chutes fortes de bola e pequenos dribles ainda mal elaborados. Alguns tombos e empurrões são impossíveis de ser evitados. Os garotos não têm uniformes de futebol, usam roupas normais e jogam descalços. Sai um gol, feito por Israel, e do outro lado do time, ouve-se um xingamento que logo cessa, porque o jogo dos meninos de 12 anos tem que continuar. 

As meninas cansam do parque e se instalam próximo à grade de arame, cheia de buracos, mas ainda assim, uma grade. Percebe-se entre elas conversas paralelas, algumas torcem pelos garotos, outras só estão ali. E uma delas é Ana, que mantém uma conversa empolgante com a amiga do lado. Essas são as brincadeiras e diversões das crianças do bairro e duram apenas até as 17 horas, quando os adolescentes resolvem tomar conta do campo e expulsar as crianças, sem agressões físicas, mas acreditando que possuem mais direitos do que os pequenos. “Vamos embora, pirralhada, que a galera chegou”, grita Roger, um rapaz de 17 anos. As crianças partem cada uma para sua casa. 

O potencial econômico do bairro está nas pequenas indústrias, comércios e outros serviços. A renda estimada por habitante é de um salário mínimo, em média. Algumas famílias recebem assistência dos próprios moradores. E a igreja católica do bairro oferece almoço para os menos favorecidos economicamente. “Temos muitas crianças aqui, mas adultos e adolescentes também aparecem”, diz Iraci Souza, 79 anos, que auxilia na cozinha. A cozinha comunitária sobrevive de doações dos moradores há aproximadamente nove anos, mas consegue oferecer apenas um almoço. A assistência médica fica por conta do posto de saúde. “É difícil conseguir vaga, vive cheio, às vezes eles ligam, a gente vem, mas aí não dá tempo de ser atendido ou não tem médico e a gente tem que voltar pra casa e se virar com chá mesmo”, comenta Terezinha Batista, 43 anos, que espera por uma consulta há três meses. 

Ana Paula Silva estuda na Escola Estadual Alicia Bittencourt Ferreira, está na sexta série do ensino fundamental. “Vou bem na escola, gosto da minha escola, dos meus amigos, muita gente diz que não é uma boa escola, mas eu acho boa assim mesmo”, conta a menina enquanto movimenta os ombros mostrando que não dá importância aos comentários. Ana gosta de estudar, gosta de português e história, de jogar bola com as amigas, de ir à casa da avó que mora no mesmo bairro, de subir em árvores e assistir televisão quando não tem aula. Seu desenho preferido é As três espiãs. Ana não gosta de Matemática, de tomar banho cedo e nem de dormir antes das 22 horas. Ela não gosta de histórias comoCinderela e também não costuma brincar com bonecas. 

A vida no outro lado da cidade

No bairro América, mora outra Ana, mas essa Ana estuda no Colégio Adventista de Joinville. Esta Ana tem 11 anos e o que mais gosta de fazer é ficar na casa da avó e brincar com os primos, alguns ainda bebês. Ana Paula Zimmerman, além de estudar, faz aulas de teclado, de inglês, espanhol e balé. As tardes de Ana não estão livres para brincar, ela chega da escola ao meio-dia e se arruma para os cursos. Quando retorna, faz as tarefas com a ajuda da babá. Os pais de Ana conseguem almoçar todos os dias com a garota, mesmo assim, ela sente falta deles. “Eles ficam só uma hora em casa, a gente só almoça juntos, mas sei que eles têm que trabalhar”, diz ela. 

Ana gosta dos cursos que faz e diz que vai muito bem em todos eles. “Às vezes fico cansada e com sono, mas depois passa”. Ana não tem irmãos e, nos finais de semana, fica em casa para estudar para as provas. Os pais trabalham aos sábados e domingos, passam o dia inteiro no computador ou no telefone. O pai é empresário. “Meu pai tem três celulares, ele recebe muita ligação”, comenta. 

Loira, de olhos castanhos caídos, usando um vestido da Lilica Ripilica, Ana ama os pais e orgulha-se deles. Mas sua infância tem muitas responsabilidades. Olha constantemente para o relógio e, quando pergunto por que, ela responde: “Desculpa, é que eu preciso estudar para as aulas de teclado. Tenho que tirar duas músicas para hoje e estou com medo de não ter tempo”. Lá vai a garota para o seu quarto lilás com papel de parede de estrelas azuis e todo o resto da decoração nas mesmas tonalidades de cores. Puxa a banqueta roxa do teclado, abre um livro com notas musicais e começa a tocar o tema do filme O fantasma da Ópera, ainda com algumas falhas, saltando algumas notas, talvez por estar nervosa com a minha presença ou por ainda não ter decorado os andamentos. 

Sobre a cabeceira da cama de Ana há uma estante com livros. Consegui perceber que havia muitos livros de línguas estrangeiras e alguns de literatura infantil como A bela e a fera,Branca de Neve e Cinderela, em meio a eles, a coleção completa dos livros de Harry Potter do qual a menina confessou ser fã. Em seu armário guarda algumas fantasias - ela faz questão de mostrar a que mais gosta, a roupa da bruxinha de Hogwarts, a fantasia de Hermione Granger. Um dos livros me chamou a atenção, escondido após a coleção Harry Potter, estava O mundo de Sofia, de Jostein Gaarder. Perguntei se ela havia lido e a garota respondeu que não, que foi presente do pai, mas que ainda não teve tempo para ler. 

Ana voltou ao teclado e pude observar ao lado dele algumas coleções de CDs do High School MusicalRebeldes e Hanna Montana. Um gosto comum para uma menina da idade dela. Mas, perdido como O mundo de Sofia, havia um CD de Bach que Ana ganhara da professora de música e que a menina confessou não gostar.

A babá entrou no quarto: “Ana, está na hora de ir, você tem aula agora”. Ana apenas balançou a cabeça, fazendo um gesto afirmativo. Levantei-me, agradeci e me despedi. A menina não queria que eu fosse embora: “Você pode vir outro dia para brincarmos, podemos andar de bicicleta no jardim ou ouvir os meus CDs”. E assim, deu um sorrido meio tímido. 

Segundo as pesquisas realizadas pelo Ippuj, o bairro América tem 10.851 habitantes: 5.100 homens e 5.751 mulheres. As crianças e adolescentes até 17 anos formam 24% da população. O potencial econômico do bairro está concentrado na oferta de serviços com 9%. Aproximadamente 29% da população possuem renda acima de 20 salários mínimos, de acordo com o IBGE. O bairro intensifica a cultura alemã com diversos centros culturais e de idiomas que procuram resgatar a origem germânica. 

Discrepâncias

A diferença entre as Anas de Joinville é mais do que social. As Anas representam os dois lados da cidade. Joinville tem 35 bairros, a maioria deles composta pelas classes B, C e D, nos quais as pessoas moram em barracos de madeira, as crianças brincam no meio das ruas ou em campos improvisados como no bairro Paranaguamirim. E as famílias dependem da boa ação da comunidade, de doações de alimentos e roupas arrecadados pelas igrejas. Alguns bairros ainda possuem valetas a céu aberto, são os casos do bairro Profipo e Paranaguamirim. 

As escolas necessitam de reformas, os postos de saúde precisam de mais médicos e a população desses bairros está carente de ensino cultural e artístico. Enquanto Ana Paula Zimmerman faz aulas de teclado, conhece as notas musicais e está aprendendo a construí-las e transformá-las em música, Ana Paula Silva conhece a música apenas pela televisão e o rádio de sua casa. Enquanto Ana Paula Zimmerman assiste a diversas peças no Teatro Juarez Machado, Ana Paula Silva brinca de artista na escola em que estuda, sem qualquer orientação de um instrutor. 

Assim vivem as crianças joinvilenses, com um enorme buraco que as separa chamado “diferença sociocultural”. Enquanto Ana Paula Zimmerman vai de Hilux para a escola, Ana Paula Silva e os amigos caminham duas quadras. Enquanto Ana Paula Zimmerman almoça no refeitório da escola e leva para o lanche um pedaço de bolo de chocolate feito pela empregada, Ana Silva almoça a merenda escolar. 

A psicóloga Bianca F.Gossen, que atende pelo plano social e particular, diz que a maioria das crianças que frequentam seu consultório são de classe A e B. E os problemas que as crianças enfrentam são geralmente pela falta de relacionamento com os pais, ou pela falta de contato com a família . “Algumas crianças chegam aqui, indicadas pela escola, pelos professores e diretores e é preciso trabalhar a rebeldia”, diz a psicóloga. Bianca afirma que as crianças possuem sintomas de abandono, como a raiva contida e a timidez. “Um abandono de pais que trabalham às vezes é mais difícil de superar pela criança do que o abandono por completo”. 

A psicóloga diz que o excesso de atividades também pode levar ao estresse infantil e geralmente é causado pelas necessidades dos pais de verem seus filhos inseridos em diversos cursos de formação profissional. O cansaço, a irritabilidade, o mau humor, o desânimo e a tristeza são alguns sintomas do estresse infantil e os pais devem estar atentos a eles. Para a psicóloga as crianças não teriam tantos problemas se pudessem ser crianças. 

A maior cidade do Estado de Santa Catarina tem muitas coisas a serem trabalhadas. E se realmente se acredita que as crianças são o futuro, o futuro de Joinville necessita de atenção. Os dados do IBGE mostram que 30% da população sobrevive com apenas um salário mínimo. Nos bairros mais pobres da cidade, cada família tem pelo menos duas crianças que vivem em condições precárias.

De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), artigo terceiro: "As crianças e o adolescentes gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade". O artigo quarto relata que "é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária". 

As Anas que conheci me mostraram sua inocência. As Anas que conheci, embora diferentes por completo uma da outra, são ambas vítimas na sociedade. Uma Ana é feliz apesar de viver em um bairro precário, com situações precárias. A garota é feliz porque tem amigos e uma família. Mas é carente de ensino, assistência médica e instrução artística ou cultural. A outra é carente de família e rica em assistências. 

Uma Ana não consegue médico quando está doente porque não tem plano de saúde e raramente consegue ser atendida nos postos de atendimento. A outra Ana frequenta regularmente uma terapeuta indicada pela professora de música, que percebeu o risco de estrese infantil. 

Uma Ana conversa com os pais diariamente, a outra Ana, só os vê no horário do almoço. Uma delas sonha em ver o pai em casa e descansado: “Ele trabalha demais com construção, chega todos os dias cansado, brinca comigo e com meu irmão, mas sei que tá cansado”. O pai de Ana é pedreiro e a mãe, costureira. A Ana que tem os pais empresários também sonha com algo parecido, essa Ana quer que os pais tirem férias e passem um pouco mais de tempo com ela. As Anas de Joinville são apenas crianças, mas têm problemas de adultos.

Pedofilia: Os fantasmas da internet

Doces, balões, bonecas, carrinhos, rosto sujo de chocolate e sorvete, histórias de princesas encantadas que vivem em palácios de diamantes, histórias de super-heróis que enfrentam dragões e gigantes em terras desconhecidas, contos de fadas. Todas essas coisas fazem parte do mundo infantil e estão guardadas em memórias de crianças. Fotos de meninos e meninas nus em posições eróticas ou fazendo sexo com adultos e outras crianças, conversas maliciosas de adultos com crianças, prostituição infantil. Isso é crime. Um crime que muitas vezes fica sem punição quando se encontra no cenário da Internet. 

“Anjinho” ainda deixa escapar um sorriso meio envergonhado no canto do rosto. Um sorriso de dentes ralos e intercalados por uma “janelinha” no local do dente incisivo direito. Ela nunca imaginou que um dente poderia envolvê-la em um crime. Seus olhos denunciam o medo que vive dentro da criança. Grandes olhos esmeralda, olhos que não conseguem manter um ponto fixo, movem-se com freqüência, inquietos, amedrontados ou apenas inseguros. A menina de cabelos cor de fogo, que mais parecem com um manto estendido sobre sua cabeça, esfrega as duas mãozinhas como se procurasse aquecê-las ou confortá-las. 

“Anjinho” tinha nove anos quando perdeu seu dente canino esquerdo. E tinha nove anos quando foi assediada pela “Fada do Dente”. Espremida entre o sofá e a mãe, que coloca as mãos sobre os ombros da menina, ela bate com as pantufas verdes no chão e antes que comece a contar como conheceu a “Fada do Dente” a mãe a interrompe: - Demos um computador para ela porque as amigas tinham um e ela pediu de presente de natal. É uma boa aluna, sempre foi, então, decidimos, o pai e eu, dar de presente. Aí, a prima de quinze anos mostrou um site para conversar com as amigas – cheio de bonequinhos e tal, achamos que não tinha problema. 

A mãe da menina contou o que deu início a meses de insônia e preocupação com o dia seguinte em que a menina deveria ir para a escola. “Anjinho” calou-se e abaixou a cabeça, parecia envergonhada ou talvez se sentisse culpada. “Soraia” Montebeller ainda deixa transparecer a angústia que passou há dois anos, quando a “Fada do Dente” se tornou amiga de finais de semana de “Anjinho”. - Ela começou a entrar todos os sábados nesse site. Criava um bonequinho e conversava com três amigas da escola. Depois de três semanas, veio nos contar que conheceu a Fada do Dente na internet. O pai e eu rimos, achamos que era coisa de criança. 

O rosto pálido de Soraia começa a ficar corado. - Depois de um tempo “Anjinho” perdeu um dente e, no sábado à noite, veio nos contar que a fada do dente tinha pedido que ela levasse o dente para a escola que a fada iria buscar e trocar por moedas. Ainda assim não demos bola porque não associamos a fada com a Internet, para nós ela estava brincando. 

O rosto de Soraia mostrava o quanto estava tensa em lembrar da história: avermelhou-se por completo. E suas mãos compridas começaram a tremer, uma estendida sobre o ombro da menina e a outra batendo constantemente na perna esquerda. - Só descobrimos que “Anjinho” estava realmente conversando com alguém perigoso quando entrei no quarto dela para chamá-la para jantar e ela tinha ido ao banheiro. Comecei a mexer no computador e li as conversas. Ela já tinha passado o endereço e o nome da escola para a pessoa do outro lado. A menina suspira no sofá e solta uma frase curta: - Eu não sabia. Soraia passa a mão que estava sobre o ombro da menina nos cabelos de “Anjinho”. – Eu não sabia o que fazer, nas conversas a fada perguntava muitas coisas pessoais e ela respondia. O que me apavorou foi a pergunta... 

Soraia interrompeu a conversa e pediu que a filha fosse para o quarto brincar. A menina apenas respondeu com um gesto de cabeça e saiu com suas pantufas verdes. A mãe explicou que não gosta de tocar nesse assunto, principalmente perto de “Anjinho”, porque desde que a menina teve contato pela Internet com a “Fada do Dente” e tomou consciência do quão perigoso era conversar com estranhos por computador, ela mudou. - Ela era uma criança ativa, sempre sorridente. Agora é calada e quase nunca sorri de verdade, só por simpatia, sabe? 

Neste momento compreendi o sorriso envergonhado no canto dos lábios de “Anjinho” quando me viu chegar. A mãe segurou as mãos como se estivesse cumprimentando a si mesma e continuou a contar: - A pessoa do outro lado perguntou qual era a cor de calcinha que ela estava usando e se ainda era virgem. Isso fez com que o pai dela e eu vendêssemos o computador e também mudamos ela de escola porque não conseguia dormir sabendo que alguém que nem sei se é homem ou mulher sabia onde minha filha estava, entende? 

Após uma conversa de 27 minutos com a mãe, “Anjinho” voltou segurando em uma das mãos uma boneca de pano com cabelos de lã amarela e vestidinho lilás. As pantufas cor de abacate ainda estavam em seus pés. 

Os pais de “Anjinho” não fizeram a denúncia porque não queriam envolver a filha em confusão, mas resolveram procurar auxilio psicológico. “Anjinho” tem consultas mensais para voltar a ser a criança ativa que era antes de ser assediada pela “Fada do Dente”. Soraia e o marido tentam superar o medo de deixar a menina ir para a escola com as amigas. O novo colégio de “Anjinho” fica a duas quadras de sua casa. Mesmo assim, Soraia deixa a filha na porta da escola todos os dias e o pai passa para pegá-la. 

“Anjinho” era o nome que a menina de classe média usava para entrar na sala de bate-papo do site Humortadela. Atualmente as salas de bate-papo do Humortadela oferecem duas opções de interação: “o vídeoxet”, onde é possível que o internauta envie vídeos e fotos instantaneamente, e o “chá-tadela”, a sala atualizada com os bonequinhos. O site possui conteúdo direcionado a adultos, porém, nenhuma restrição de acesso aos conteúdos para menores a não ser pelo aviso: “Este conteúdo é impróprio para menores de dezoito anos”. Informação que contém em todos os sites com conteúdos pornográficos ou de acesso restrito. 

“Anjinho” teve o que podemos chamar de sorte. Apesar de precisar de consultas psicológicas e ter que mudar de escola, a menina permaneceu com sua inocência. Mas, não é assim que sempre termina a história de crianças assediadas pela Internet. A presidente do site “Censura”, Roseane Miranda, explica que há Clubes de Pedofilia espalhados pelo mundo. Esses clubes associam os pedófilos e facilitam a troca de vídeos, fotos ou qualquer outra forma de conteúdo pornográfico infantil. Os Clubes dos Pedófilos também servem para contratar serviços de exploradores sexuais, fazer turismo sexual ou mesmo efetivar o tráfico de menores e aliciá-los para práticas de abusos sexuais. Roseane afirma que esses clubes são responsáveis pelo desaparecimento de crianças do mundo inteiro. 

No mundo e no Brasil 

Uma pesquisa realizada pela UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) apresenta dados assustadores: mais de mil sites mensais são relacionados ao crime de pedofilia e 76% dos pedófilos do mundo estão no Brasil. O advogado da vara da Infância e da Juventude João Ferreira costuma chamar os pedófilos de “Fantasmas da Internet”, pois cometem seus crimes e têm ao lado deles a vantagem do anonimato. O advogado Ferreira afirma que muitos pais e familiares de crianças assediadas virtualmente não fazem denúncias. Acreditam que é impossível identificar quem está do outro lado flertando com seus filhos e preferem não denunciar para não expor as crianças. 

O delegado diz que as denúncias podem ser anônimas, mas que é necessário fazê-las, pois facilita o trabalho de caça aos pedófilos realizado pela Policia Federal. João Ferreira fornece algumas dicas aos pais e recomenda, em primeiro lugar, que controlem os sites que os filhos visitam. A localização do computador também é importante: deve ficar num lugar de passagem da casa, o que facilita o controle. Em outros locais públicos de acesso à internet, como as lan-houses, é necessário que existam regras para o bom uso da internet. Os pais devem estar atualizados sobre as novas ferramentas de tecnologia que auxiliam no controle de acesso à rede. “Existem vários sistemas que mantêm o controle do que aparece no computador enquanto estão acessando a web”, diz o advogado. 

Para João Ferreira, não é nada difícil para os pais manter o controle, já que constantemente perguntam aos filhos onde andam, quais os locais que frenquentam, que horas chegaram em casa. “Esses mesmos cuidados devem ser tomados na vida digital, pois manterão as crianças em segurança, são básicos e muito eficientes”, comenta. “A preocupação de manter-se vigilante quando a criança senta diante de um computador deve ser constante. Se você não vigiar seu filho, alguém pode vigiá-lo por meio da tecnologia que te faz indiferente”. 

No Brasil a punição para o crime de pedofilia aumentou de seis para oito anos de prisão em 2005. É o que garante o artigo 227 da Constituição Federal e o artigo 241 do Estatuto da Criança e do Adolescente. A lei criminaliza a aquisição, posse e divulgação para a venda de material pornográfico. O país ocupa o quarto lugar no consumo de material de pedofilia no mundo, segundo a Policia Federal. Há vários órgãos espalhados pelo mundo em combate ao crime de pedofilia pela internet. A ONG Safernet Brasil, a Interpol, a Unicef, a Unesco, o site Censura, a Policia Federal, o Conselho Tutelar e o Ministério Público Federal são os que mantêm atividades constantes de pesquisa e investigação. 

Para que se possa investigar denúncias desse tipo, os provedores de serviços de Internet precisam desabilitar e remover o acesso ao conteúdo e, ao mesmo tempo, preservá-lo para que seja possível identificar o autor do crime. O advogado João Ferreira diz que para a captura desses criminosos é necessária a parceria com as operadoras de serviços virtuais, ou a lei será apenas “um monte de letras mortas”. 

Investigação participativa 

Após pesquisas e entrevistas, resolvi investigar de forma participativa como funciona realmente esse universo virtual e encontrei alguns “fantasmas da internet” no decorrer da investigação. Meus criminosos tinham entre 26 e 48 anos e sabiam muito bem o que estavam fazendo. Entrei no reino cor-de-rosa e durante algumas noites de sábado silenciosas, comecei a caçada. Não encontrei fadas luzindo, nem papoulas, nem coroas de pedras preciosas. Não encontrei nesse universo nem inocência, nem sonhos lindos de crianças, e se por ali passou a diversão, devo ter me distraído, pois nem mesmo o cheiro dela consegui eu, “uma menina de 11 anos virtuais”, perceber. 

Enquanto buscava as minhas “presas” lembrava de brinquedos e em minha memória voltavam cenas de minha infância, longe, com certeza, do universo virtual. Meu mundo de criança se produzia da seguinte forma: tudo que era objeto ganhava vida. Cavalos, bonecas e os soldadinhos de plástico de meu irmão, ursos de pelúcia e aquela boneca que me amedrontava. Meu medo se resumia a uma boneca de 25 centímetros que em meu universo ganhava vida. Uma boneca que minha mãe escondia todas as noites para que eu pudesse dormir. Dei-me conta ao fim da pesquisa que, eu sim, vivi em um mundo cor-de-rosa. E esse mundo em que milhares de crianças são assombradas pelos “Fantasmas da Internet” sem sequer perceber, esse é um mundo ausente de luz, uma completa escuridão. 

As salas de bate-papo foram meus primeiros alvos. Participei de conversas em sites como “Humortadela” e “Terra”, em “Chats” de 15 a 20 anos, a idade “mínima” permitida. Ao entrar, já tive uma surpresa. Os nomes ou “nicks” escolhidos pelos participantes não correspondiam às suas respectivas idades, ou as idades estipuladas pelas regras do site. Nomes como: !MSN: gata2cam@hot, 2 gatas, AdoroPeituda\SPmsn, garota moranguinho, gostoso afim, GRISALHO NA CAM, H gostoso, h k fude agora, Loirinho Seductor, Pau Duro Na CAM, SeXy BoÔy, TaradinhoPseios, Taradão q Safadinha, me deram uma pista do que eu poderia encontrar pela frente. E eu não estava errada. 

Com o nome “docinho 11”, número que sugeria minha idade, consegui conversar com sete participantes em apenas 15 minutos na sala. Devo dizer que as primeiras perguntas feitas por eles era se eu tinha msn (menssenger) e qual a minha idade. Após obterem as respostas o nível das perguntas caiu para questionamentos constrangedores relacionados a sexo. 

Mantive uma conversa prolongada com “Grisalho na Cam”. Quando perguntei a idade dele, primeiramente me disse: “Tenho 26 anos”. Após um tempo de conversa e sabendo que “docinho” tinha onze anos, “Grisalho” perguntou: “Qual a cor da sua calcinha?”. A pergunta me irritou profundamente e o asco pela pessoa que não conhecia tomou conta de “docinho”. Ao invés da resposta fiz a “Grisalho” a mesma pergunta de minutos antes: Quantos anos você tem? E sem perceber o homem me respondeu: “36 anos”. “Grisalho na Cam” acabara de ficar dez anos mais velho e talvez tenha percebido isso: GRISALHO reservadamente fala com docinho11: desculpe, acho que antes digitei errado tenho 36 anos. GRISALHO reservadamente fala com docinho11: Você tem msn? Docinho11 fala com Grisalho: nao meu computador tá meio doido não abre msn GRISALHO reservadamente fala com docinho11: pena, mas me diz, como vc é? Docinho 11 fala com Grisalho: o que quer saber? GRISALHO reservadamente fala com docinho11: a cor de seus cabelos e olhos Docinho 11 fala com Grisalho: cabelos loiros, olhos verdes. GRISALHO reservadamente fala com docinho11: vc parece ser mto bonita... Quero muito acariciar seus cabelos de ouro. Onde vc mora? Docinho 11 fala com Grisalho: em Curitiba e vc? GRISALHO reservadamente fala com docinho11: Moro em Blumenau. Queria te conhece pessoalmente vc tem orkut? Docinho 11 fala com Grisalho: não, meus pais quaze nao deixam eu entrar na net to na casa da minha prima... 

Assim seguiu a conversa, entre frases mal formuladas e erros gráficos de docinho que fingia ser uma menina de 11 anos. “Grisalho” fez muitas perguntas pessoais como endereço da garota e escola em que docinho estudava, o que ela gostava de fazer nos finais de semana e se tinha namorado, se tinha orkut. Pediu a ela que fizesse um msn porque ele queria muito conhecê-la. E conversar com ela por vídeo. “Grisalho” disse que pagaria a “Docinho” uma passagem para que ela pudesse ir a Blumenau encontrá-lo pessoalmente. As perguntas pessoais se tornaram pornográficas. “Docinho” pesquisava e conseguira o que esperava conseguir, anotou o msn de “Grisalho” prometendo ao mesmo que assim que tivesse um msn o adicionaria. Não o adicionou. 

Docinho entra em outra sala. O participante com o nome “Ronnie Machado” entra na sala e começa a conversa: RONNIE MACHADO reservadamente fala com docinho: VC TEM QUANTOS ANOS? E TEM MSN? TA AFIM DE ME VER LÁ, ME ADD... “Docinho”, que criara um msn falso, adiciona “Ronnie” entre seus amigos. O homem tem 48 anos e sabe que “Docinho” é uma menina. “Ronnie” mora em Minas Gerais, segundo as informações que passa para “Docinho”, é solteiro e “adora crianças”. Em todos os momentos da conversa usa a palavra “anjo” para chamá-la. “Docinho” mantém conversas com “Ronnie” por duas semanas. As perguntas dele começam a se tornar maliciosas. Ele insiste que “Docinho” passe seu endereço e pergunta se pode visitá-la. Pergunta se ela mora com os pais, se eles trabalham e o horário. “Ronnie” cria uma estratégia para que ela responda as perguntas sem perceber o perigo que está correndo. Elogios referentes à pessoa física que ela passou por escrito, incentivos aos objetivos da menina e a palavra “anjo” que pode levar “Docinho” a pensar que o homem é bondoso e gentil. Com todas as perguntas, “Ronnie” cria um perfil de “Docinho”. A menina fala com um criminoso, assim como várias crianças falam com criminosos pela Internet e não sabem. “Ronnie” faz um convite para que Docinho o aceite na web cam. A menina o aceita.

Pela câmera ela confirma o perfil que criara de “Ronnie”. Um homem com alguns fios de cabelo grisalho, boa aparência e sobrancelhas grossas e negras. O pescoço de Ronnie era largo e ele aparentava ter uma estatura mediana. Usava uma camiseta verde e movimentava-se constantemente na cadeira. Ao fundo dele havia uma parede bege e podia-se notar o pé da cama. Parecia ser um homem de classe média alta. “Ronnie” e “Docinho” conversaram por dois finais de semana. Ele havia confessado seu nome, Maurício, e pediu a ela que fizesse o mesmo. A menina liberou: Melissa, nome criado por ela para dar continuidade à pesquisa. 

O último dia em que “Docinho” e “Ronnie” conversaram foi o dia em que ela encerrou a investigação. O dia em que ficou em silêncio por cinco minutos depois que ele perguntou se era virgem. A resposta de “Docinho” fez com que as sobrancelhas negras de “Ronnie” franzissem e seus olhos arregalassem amedrontados. Docinho11: Não tenho 11 anos, tampouco sou criança. Você acaba de fazer parte de uma investigação de pedofilia para uma matéria jornalística. “Ronnie” fica nervoso e começa a piscar o olho esquerdo. Ronnie: Você ta brincando? Docinho: Não. Estou falando muito sério. Você e outras pessoas fazem parte de uma pesquisa de pedofilia e devo lembrá-lo que o que faz na Internet é crime, sendo a punição de seis a oito anos de prisão, mais multa. Ronnie: se fizer alguma coisa, se isso sair no jornal eu te pego, vou te achar. Docinho: Não, não vai porque você não tem nenhuma informação verdadeira sobre mim. 

“Docinho” não consegue dizer mais nada. O msn de “Ronnie” é desconectado e ela é bloqueada. Outras salas de bate-papo da mesma categoria de idade confirmaram que os pedófilos são de ambos os sexos. Mulheres também praticam pedofilia, seduzindo crianças, contando como estão vestidas e suas medidas de busto e nádegas, entre outras afirmações e questionamentos que fazem aos envolvidos. Em contatos que “Docinho” teve com outras crianças pelas salas de bate-papo, confirmou que criar um perfil delas e obter informações pessoais que possam deixá-las em perigo é extremamente fácil para qualquer um. Mesmo os nomes e sobrenomes dos pais as crianças chegam a revelar para as pessoas com quem conversam. 

Os pedófilos 

A psicóloga Giana Mendes traça um perfil dos criminosos. Ela descreve algumas características da patologia como a necessidade de observar, organizar materiais pornográficos, divulgar e participar de atos sexuais contra crianças. No Brasil, os maiores produtores de imagens de crianças violentadas são jovens de 17 a 24 anos - a maioria deles vítima da própria família na infância. Por sua vez, os compradores da produção têm um perfil diferente. A psicóloga descreve que normalmente são solteiros, têm pouco mais de 40 anos e costumam ser profissionais liberais. “Em torno de 95% dos pedófilos sofreram abuso sexual na infância”, estima Giana. 

As investigações da Unicef apontam que existem mais de 6,2 mil sites comerciais de pedófilos em todo o mundo e que a compra do material pornográfico infantil pode ser feita com uso de cartão de crédito. Estima-se que 7 milhões de crianças em todo o mundo são vítimas desse processo. Os criminosos se escondem atrás de grupos nomeados, “adoro meninos de cueca”, “mulek ou garoto”, “quero adotá”. No comércio da pedofilia, uma foto de criança aliciada chega a valer 200 reais e um vídeo de cinco minutos em torno de 2 mil reais. Um levantamento revelou que uma em cada cinco crianças que navegam na internet recebeu proposta sexual pela web e uma em cada 33 recebeu telefonemas, dinheiro ou passagem para encontrar o pedófilo. 

Os sites de conteúdos pornográficos são os que têm maior público na web, e neles estão incluídos os sites onde se cometem crimes sexuais contra crianças. A web facilita a prática de pedofilia por ser um espaço onde pessoas de diversas nacionalidades trocam informações sem que haja legislação específica em vigor, pois prevalecem as leis específicas de cada nação para este crime. Os sites de relacionamentos e outros meios criados para este fim são os de mais fácil acesso aos pedófilos. No orkut, nas salas de bate-papo e no próprio msn a difusão de pornografia infantil se prolifera. 

A Unicef orienta os internautas a denunciar qualquer ato suspeito na web. Se o internauta encontra alguma página na internet com imagens de crianças ou adolescentes submetidos a situações constrangedoras, poses sensuais ou atos sexuais deve efetuar a denúncia que pode ser feita pelo site da Unicef ou mesmo ao Conselho Tutelar da cidade, que por sua vez, deve levar a informação ao conhecimento do Ministério Público. Onde não há Conselhos Tutelares as Varas da Infância e da Adolescência podem receber as denúncias. Outros órgãos que também são preparados para ajudar são as Delegacias de Proteção à Criança e ao Adolescente e as Delegacias da Mulher. Outra opção é o disque denúncia 100: o serviço do Disque Denúncia Nacional de Abuso e Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes. 

Se as crianças perdem sua inocência, deixam de ser crianças e se não há infância, não há futuro para ninguém. A fada das crianças as conduz em direção a luz, mas ela é apenas uma e os “Fantasmas da Internet” são milhares. (Docinho 11). 

Compras de Natal prometem ser mais cautelosas de acordo com pesquisa

Rose Gonçalves e Brandina de Lima Machado já começam a planejar as compras de natal. Elas ainda não sabem o que vão dar de presente para os familiares, mas já tem algumas pistas: “A gente sempre opta pelo mais útil, então devo dar alguma peça de roupa”, comenta Brandina.

Rose divide a mesma ideia e diz que todos os anos, as compras sempre se voltam para essas mercadorias. Um presente que satisfaz quem ganha e de custo razoável para quem oferece.
“Se eu pudesse mesmo, eu gostaria de dar de presente para meu filho um tablete, mas eu ainda não posso pagar”, diz Rose afirmando que um dia conseguirá realizar o sonho do garoto, porém, esse ano ainda não é o momento.

Brandina conseguiu uma forma de presentear o neto com um celular, em parceria com a mãe do menino e as suaves parcelas que hoje facilitam a vida do consumidor. “Ele é o único esse ano lá de casa que vai ganhar um celular. É sempre muito estudioso e nesse natal conseguiremos comprar algo diferente”.

As duas são serventes e moram em Araquari e, como 45% dos brasileiros, segundo pesquisa da “Hello Research” pretendem manter os gastos no mesmo patamar do final de 2012. Também se encaixam nos 60% que têm a intenção de comprar roupas e sapatos.

A pesquisa aponta que sob o impacto da inflação mais elevada e o orçamento mais comprometido com outras dívidas, os brasileiros estão esse ano de 2013, mais cautelosos. Fora a porcentagem que pretende investir em compras no setor de vestuário, 19% da população ainda prefere comprar perfumes para presentear seus entes queridos.  


Apenas 4% dos pesquisados pela agência de inteligência de mercado devem gastar com produtos que custam mais, como eletrodoméstico.

A pesquisa levantou a opinião de 1.200 consumidores do país, com entrevistas realizadas pessoalmente em 70 cidades brasileiras. Na região Nordeste o levantamento apontou que a população está mais disposta a gastar. O que é explicado por causa da distribuição de renda maior nessa região e devido os programas assistenciais existentes que vêm incrementando o consumo de brasileiros de classes menos favorecidas.

O 13º salário também está sendo contado para impulsionar as compras desse ano. O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) já tem uma projeção de R$2,8 bilhões de reais na economia brasileira projetados sob o pagamento da antecipação da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) dos bancários.

Já o 13° salário dos metalúrgicos do Brasil deve injetar R$2,1 bilhão de reais na economia. Números ainda considerados baixos na economia. Em 2012, o varejo cresceu 8,4% segundo dados do IBGE. Neste ano, os economistas preveem um percentual bem menor, variando de 4% e 4,5%.  Mesmo assim, na casa de Brandina e Rose o “papai Noel” não vai deixar de levar uma lembrancinha.


Tradição de terno de reis é resgatada em Araquari

Grupo atua há 15 anos no município

“É uma emoção muito grande quando as pessoas acendem a luz. Esse é o sinal que logo vão nos receber, aí a alegria invade a gente”. São essas as palavras de dona Jucélia Maria Moreira que há 15 anos está ao lado dos amigos Valério dos Passos e João Genoário Fernandes resgatando uma tradição de natal que no município já estava ficando esquecida: o Terno de Reis.
A tradição foi trazida para o Brasil pelos colonizadores luso-açorianos em 1534 e é mantida principalmente no litoral do país e no meio rural. Em Araquari, a ideia de criar um grupo para manter a tradição que já havia se perdido partiu de Valério, quando atuava como professor de violão na Casa da Cultura do município.
“Inicialmente a ideia foi montar um grupo para cantar músicas no estilo de Terno de Reis e nós conseguimos, mas começou com senhoras. O grupo ficou conhecido no município e recebeu o nome de Mocinhas da Cidade”, conta. Segundo Valério, o objetivo era resgatar e preservar todos os tipos de manifestações culturais pelas quais a Araquari já havia passado e a música foi o primeiro passo para ele.
“Depois eu comecei a tocar na igreja e, junto com o pessoal que já tocava por lá resolvi adaptar a ideia e formar um grupo de Terno de Reis que foi aceito pela Jucélia e pelo João e hoje tocamos em Araquari, Joinville e temos agenda em Piçarras também”, diz.
O trio sempre começa os ensaios no início de dezembro e segue com as apresentações até o dia 6 de janeiro, de acordo com a tradição católica, de onde o Terno de Reis surgiu como uma homenagem aos três reis magos que vão atrás de uma estrela que aparece no céu, no dia do nascimento de Jesus, 25 de dezembro.
Gaspar, Melchior e Baltazar saem à procura do menino Jesus, levando presentes como ouro, mirra e incenso e, chegam a Belém no dia 6 de janeiro, Dia de Reis e data que o grupo encerra suas atividades.
Dona Jucélia é responsável pelo tambor e pandeiro, Valério toca cavaquinho e seu João comanda o violão, enquanto os três cantam as músicas que falam da história de Jesus ou relembram o natal como uma época de celebrar a vida.  De porta em porta, eles saem por Araquari e sempre são muito bem recebidos.
 “O pessoal já espera essa data, espera que a gente vá e, alguns se emocionam e chegam até a chorar”, conta dona Jucélia sem perder o sorriso e o orgulho de fazer parte do grupo que além de resgatar a tradição, alegra os lares do município.
Para ela, já é herança de família. Cresceu ouvindo e vendo grupos de Terno de Reis. “Meu avô já participava de grupos, meus amigos também. Acho que já corre no sangue essa vontade”, diz Jucélia.
O cronograma é simples: a apresentação se divide em três partes. Na chegada, o trio cumprimenta os donos da casa e pedem licença para entrar. Como sempre saem de madrugada, esperam o sinal que é a luz ser ligada:  “essa é a resposta que precisamos para saber que o dono está se levantando e vai nos atender”, explica Valério.
 No segundo ato, louvam o menino Jesus já dentro da sala ou outro cômodo que o dono oferecer. Se houver presépio no local, a apresentação é feita em frente dele. A cantoria é interrompida quando o dono da casa, seguindo o exemplo dos reis magos, presenteia o grupo com bebidas e comidas, ou mesmo dinheiro que é colocado dentro do violão.
E o último ato é a despedida. Assim, o trio parte para a próxima casa. De acordo com a cultura popular quem recebe o Terno de Reis é abençoado.



Palestra discute impacto da BMW em Araquari e região

“Crescer igual a China com a qualidade da Alemanha”, essas foram as palavras usadas pelo secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável de Santa Catarina, Paulo Bornhausen ao falar da escolha de Santa Catarina para a implantação da montadora BMW. Paulo acredita que não apenas a cidade de Araquari ganhará com a chegada da fábrica, mas todo o Estado que terá sua economia movimentada. Deixando no ar a esperança de que a BMW pode ser a primeira de muitas empresas que devem escolher Santa Catarina para se instalar.
Em uma palestra que reuniu mais de 500 pessoas, no auditório da Univille de Joinville, nessa terça-feira, 19 de março, o secretário falou para professores, acadêmicos, representantes da sociedade, para o Prefeito Udo Dohler e o prefeito de Araquari, cidade que receberá a montadora, João Pedro Voitexem e seu vice Clenilton Carlos Pereira.
A chegada da empresa promete transformar o Estado e aprimorá-lo, sem interferir em questões ambientais que é uma das grandes preocupações da própria montadora.  A palestra tinha por tema “BMW e a Nova Economia” e apresentou ao público presente, os impactos que a cidade de Araquari e os municípios das regiões devem sentir com a instalação da fábrica.
O vice-prefeito de Araquari, Clenilton Carlos Pereira declarou estar muito entusiasmado com a vinda da empresa para a cidade. “A chegada da BMW vai movimentar a economia não só de nosso município como também de todas as cidades que estão na região. Vai gerar emprego para essas cidades que vão sentir o impacto no momento que a empresa estiver funcionando”, afirmou Clenilton.
A palestra serviu para tirar dúvidas e orientar os empresários sobre a direção que esse impacto econômico deve tomar e a quem ou quais cidades vai beneficiar. Um mês atrás, João Pedro e Clenilton estiveram visitando a fábrica da BMW no município de Spartanburg, na Carolina do Sul, Estados Unidos. E conseguiram observar de perto o nível da empresa que terá a sede em Araquari. E que segundo o vice-prefeito, a montadora não trará apenas o desenvolvimento econômico para essas cidades, mas algo a mais: “Com certeza a empresa vai abrir oportunidades para um grande mercado de trabalho e trará com ela qualidade de vida para as pessoas de nossa cidade e das regiões”.
Atualmente a BMW (Fábrica de Motores da Baviera) fatura o equivalente a 120 bilhões de reais por ano. A expectativa é que nos cinco primeiros anos, o faturamento da fábrica de Araquari, chegue a 20 bilhões de reais. Em Spartanburg a fábrica consegue produzir por dia mil automóveis. A fábrica de Santa Catarina também prevê 5 mil empregos indiretos e mil empregos diretos. E todos os funcionários devem receber capacitação para trabalhar na empresa que se preocupou em manter em seu projeto de estrutura, uma sala de aula. E o prazo é breve, em 19 de setembro de 2014, o primeiro automóvel deve ser fabricado em Araquari pela montadora.

Artesanato transforma vida de mulheres de Araquari

Uma vez por semana elas se reúnem com a professora que linha por linha, agulha por agulha, ensina a fazer de um pedaço de pano, um lindo enfeite de natal, decorações para a casa ou utensílios. Para algumas delas é apenas diversão e distração, para outras, fonte de renda e há aquelas ainda que consideram como uma forma de terapia.
“Eu sou apaixonada pelo artesanato. Uso o que faço para decorar minha casa e estar aqui trabalhando com as meninas me ajuda a ficar menos ansiosa”, comenta Dorotilde Amaral da Silveira que está no grupo há um ano e meio.
Assim como ela, Terezinha Fernandes Raimundo também se apegou ao artesanato e até faz coleção das peças que produz. “É sem dúvida o melhor remédio que existe, se não fosse isso, eu não estaria tão bem”.
Durante oito anos, Terezinha teve problemas de saúde e precisou tomar remédios fortes. Há três anos encontrou sua cura nessa arte. Aprendeu a fazer crochê sozinha e não parou mais. Encontrou no grupo de artesãs que fazem aula na Casa da Cultura de Araquari e por ali ficou. Quando não está em sala, aprendendo, dona Terezinha está em casa praticando o que a ela foi ensinado: “Hoje mesmo, antes de vir para a aula eu estava fazendo velas”, conta empolgada com a atividade.
As duas são alunas de Suzana Denise Oliveira da Silva que começou há quatros anos dando aulas de artesanato para crianças e reaproveitando materiais recicláveis como jornal, tampa de garrafa, latinha ou mesmo resto de tecido. “Eu trabalho o artesanato com o infantil buscando também conscientizá-los sobre a importância da reciclagem e como esses materiais podem ser usados de uma boa forma”, diz.
Para a turma de adultos leciona há dois anos e, além da Casa da Cultura dá aulas também nos bairros Ponto Alto e Corveta. “Os alunos da corveta usam o artesanato mais como fonte de renda. Eles produzem materiais em crochê como tapetes, fazem guirlandas e decorações natalinas para venda ou mesmo para sortear durante seus encontros”.
Mãos astutas, tecidos diferenciados, tesouras, linhas e agulhas, são essas as ferramentas das quase 40 alunas de artesanato de Araquari. Uma arte que tem sua origem desde o início do mundo, quando o homem com sua necessidade de produzir bens e utilidades de uso rotineiro ou mesmo adornos, expressou a capacidade criativa e produtiva como forma de trabalho.
A história do artesanato é antiga. Os primeiros artesãos surgiram em 6.000 a.C, quando o homem aprendeu a polir a pedra, a fabricar cerâmica e a tecer fibras animais e vegetais, porém, hoje, as mulheres araquarienses apaixonadas pela arte, seguem a cultura e fazem ao seu jeito. Decorações de natal, na casa delas não vai faltar.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Lançamento da 11ª Festa do Maracujá reúne aproximadamente 300 pessoas

Música, diversão e comida diversificada, todas á base de maracujá.  Essas foram as principais atrações da noite de abertura da 11ª Festa do Maracujá de Araquari que reuniu aproximadamente 300 pessoas, entre autoridades da cidade e região, imprensa, e membros da comunidade.  O evento teve início com a apresentação da realeza da décima edição da festa e seguiu mostrando as candidatas desse ano em um desfile, onde as 23 meninas participaram.

As 15 entidades que estarão nos cinco dias de evento aproveitaram a noite para divulgar alguns dos pratos que devem ser vendidos entre os dias 3 a 7 de abril. Todo o dinheiro arrecadado durante as vendas será da própria instituição. Haviam docinhos, salgadinhos, bolos, sorvete, bebidas à base de maracujá, e ainda a torta Zuma que permanece como o doce que representa o evento. Mas, nessa edição, uma novidade na culinária já chamou a atenção do público presente na abertura: o acarajé com molho de maracujá.

Ficou com água na boca? Aproveite a oportunidade, escolha o dia e venha para nossa festa que acontece de 3 a 7 de abril.

Escolha da majestade movimenta Araquari

“É uma adrenalina todos os dias, mas é uma adrenalina gostosa. E muita responsabilidade, saber que você está concorrendo com mais vinte e três meninas lindas”, são essas as palavras que Jéssica Gross, de 15 anos, usa para definir seus dias de espera até a data da escolha da realeza da 11ª Festa do Maracujá.

As 24 candidatas, já começaram a maratona de ensaios para o desfile, que vai ajudar os jurados a decidirem quem será a nova representante dessa festa, que é tradição em Araquari.  O tempo passa, a data se aproxima e as meninas vão ficando cada vez mais ansiosas.

Todas as garotas estão concorrendo pela primeira vez. E demonstram com movimentos repentinos de mãos e com a agilidade na voz, muita euforia.  Sofia Toni, de 16 anos, conta que sua maior preocupação é conseguir decorar a coreografia. “Alguns dias chego a ensaiar em casa para ter certeza que vou lembrar”. Géssica Moreira, de 15 anos, afirma que repete os passos, assim como a colega de ensaio. As meninas já tiveram quatro encontros e até o dia 3 de abril, que marca a escolha da rainha da festa e das duas princesas, ainda devem ter mais dois dias de treinamento.

Postura, como desfilar, como se manter na passarela, coreografia, simpatia, sorriso, suntuosidade, delicadeza e mesmo qual é a forma correta de parar diante dos jurados. Todos esses atributos vão contar pontos no momento da decisão, e é o que as meninas estão aprendendo. O salto alto faz parte dos ensaios e ajudam no equilíbrio corporal.  Durante o treinamento, o balançar nervoso dos braços está presente nos gestos de quase todas as candidatas. Francine Soares Borges, de 16 anos comenta: “Estou muito nervosa no ensaio e fico pensando como vou ficar no dia do evento”.

Géssica Gross também tem receio de esquecer os passos ou algo importante durante o desfile, mas, contudo, acredita que já valeu a pena. Afinal, são dicas que elas vão seguir por toda a vida. Além dos exercícios e ensaios para a passarela, as meninas também tiveram aulas de oratória para aprimorar sua forma de se expressar em público. E em cada passo, é possível ver que elas se divertem, aprendem e mantém seus sonhos vivos.

O dia três de abril será um marco para a vida de três delas. A primeira colocada vai receber a faixa no Parque de Eventos da festa, ao lado do Fórum de Araquari, onde acontecerá o a escolha da realeza. Pietra Tonet é a atual rainha que deve passar o “reinado” para uma das escolhidas. Assim como Larissa Vieira, a atual primeira princesa e Amanda Pacheco, a segunda princesa, passam o título para as meninas que ficarem em seus lugares.

As candidatas desta edição têm de 15 a 20 anos e o pré-requisito é que sejam todas moradoras da cidade que é sede do evento.  Após a eleição que acontece às 20 horas, a festa continua com o baile com a banda “Pop Band”.

Anunciada a nova realeza da 11ª Festa do Maracujá

Nervosismo, alegria, diversão e muita emoção tomaram conta da 11ª Festa do Maracujá na noite de escolha da realeza. Todas as 23 candidatas, após seis dias de preparação, treinamento de postura e muito ensaio de coreografia subiram ao palco para apresentar o que ensaiaram durante dois meses. E quando acharam que o momento de ansiedade já havia passado, retornava o nervosismo, visível em seus gestos, olhos marejados e expressões durante a decisão dos jurados sobre a escolha da rainha e das duas novas princesas.

As escolhidas foram Maize da Silva de 16 anos que assume o posto de rainha da 11ª Festa do Maracujá, Jéssica Dircksen de 15 anos que foi escolhida como primeira princesa e Geslaine Jéssica de Oliveira de 16 anos que ficou como a segunda princesa. As meninas seguem com o reinado até a próxima edição da festa que deve escolher as próximas candidatas.

Durante a escolha da majestade, mais de cinco mil pessoas estiveram no local e o público não parava de chegar para o baile que contou com a Banda Pop Band em sua animação. A rainha da edição passada também deu seu “tchau” para o público em grande estilo. Pietra Tonet desfilou mostrando segurança e experiência em palco. O evento ainda teve a animação das alunas dançarinas da Casa da Cultura da cidade que representaram danças mais tradicionais. Crianças e adolescentes encantaram o público em movimentos muito bem coreografados.

Amanhã a festa segue com pratos típicos, feitos á base de maracujá, programações culturais no palco Parati e show com o ex-vocalista da banda Exalta Samba que agora canta solo, Péricles. O público esperado é de até dez mil pessoas.

Show de Péricles esquenta o público na 11ª Festa do Marcujá

Mais de cinco mil pessoas estiveram presentes no show nacional de abertura da 11ª Festa do Maracujá que aconteceu com o cantor Péricles.  O artista primeiramente atendeu ao público no camarim, deu entrevistas para a imprensa e fez fotos com alguns fãs que foram contemplados com sorteios nos meios de comunicação. Ao subir ao palco, encantou seu público com simpatia e muita música. “Vocês são guerreiros para estarem aqui embaixo de muita chuva e eu me sinto um privilegiado em estar na presença de vocês”, disse Péricles.

Mas, nem a chuva espantou as pessoas do local. A estrutura do evento foi pensada justamente para esses imprevistos e assim, o público curtiu a noite com um pouco mais de conforto.  Entre um samba e outro, o romantismo presente nas letras conquistou a plateia que respondeu à música, cantando com Péricles em alto e bom tom. O sucesso atual não poderia faltar na noite e um coral de fãs surpreendeu acompanhando Péricles com “Linguagem dos olhos”.  Autoridades de Araquari, Joinville e região também estavam no local para a abertura da festa e acabaram permanecendo no show.

Durante a abertura, o grupo Bera Samba, agitou os fãs que aguardavam ansiosos o cantor. E essa noite de sexta-feira promete mais gastronomia, diversão e shows. A festa segue, hoje, 5 de abril, com a comemoração dos 137 anos de Araquari e junto um show nacional com Bruno e Marrone que promete ultrapassar as expectativas de público, se considerar a afirmação da organização do evento de que a venda dos ingressos foi um sucesso.  A 11ª Festa do Maracujá segue até domingo e espera reunir mais de 250 mil pessoas.

Mais de 10 mil pessoas estiveram no show de Luan Santana

Sucesso de vendas em Araquari

O sábado começou bem para a 11ª Festa do Maracujá de Araquari. Dia ensolarado, diversas atrações culturais e público lotando todas as áreas do evento, seja a praça de gastronomia, a área de parque, ou o expo-feira. Já a noite chegou batendo seu recorde de vendas de ingressos para o show do cantor sertanejo Luan Santana, que ao subir ao palco encantou crianças, jovens e adultos.

Filas enormes se estendiam pela área da festa, desde as sete horas da noite, e mais de dez mil pessoas participaram do show. “Uma boa noite pessoal, e parabéns Araquari”, ditos pelo cantor deixou os fãs eufóricos.

Enquanto a cidade comemorava seus 137 anos de história, com o músico nacional Luan Santana, outras atrações chamavam público para a festa. A praça de alimentação permanecia lotada, com show de bandas locais no palco Parati e muita gente passeava pelo restante do espaço.  A 11ª Festa do Maracujá está superando todas as expectativas e, nesse dia 7 de abril, se encerra com show gratuito do cantor gospel Thales e show pirotécnico.

Show gospel reúne 10 mil pessoas na 11ª Festa do Maracujá

Depois do sucesso de público de Luana Santana em Araquari, a 11ª Festa do Maracujá se encerrou em grande estilo. Duas bandas de música gospel subiram ao palco para fazer a abertura do show do cantor Thalles.  Os músicos regionais esquentaram a plateia que lotava a área de shows. E em louvor, fizeram o público jovem pular, dançar e cantar.

Foi a primeira vez que Thalles cantou em Araquari e conseguiu reunir e animar aproximadamente 10 mil pessoas. Thalles além de cantor é compositor, produtor musical, pastor evangélico e multi-instrumentista cristão. Foi músico de apoio do grupo mineiro Jota Quest e trabalhou com Jamil e Uma Noites por um ano e meio. O cantor já lançou cinco CDs e dois DVDs e, como músico cristão foi indicado ao Gramy Latino e ao Troféu Promessas.

Seu estilo diferencial de música gospel comandou o público por aproximadamente duas horas na 11ª Festa do Maracujá. Em seguida, o cantor atendeu alguns fãs no camarim, demonstrando sempre atenção e simpatia. Entre os sucessos cantados e na boca da plateia estavam: “Deus da minha vida, ele é contigo e segura na mão de Deus”.

Araquari comemora assinatura de contrato com a BMW

Entusiasmo e orgulho, essas são as palavras que definem a manhã do dia 8 de abril, em Florianópolis, quando foi assinado o contrato que confirma a instalação da montadora BMW na cidade de Araquari.  No evento, estavam presentes autoridades de várias regiões do Brasil, entre elas, a Ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, o governador Raimundo Colombo, o prefeito de Araquari, João Pedro Woitexem e seu vice, Clenilton Carlos Pereira, o secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável de Santa Catarina, Paulo Bornhausen e o Ministro do Trabalho, Manoel Dias.
O auditório do Centro Integrado de Cultura de Florianópolis lotou, com todos que desejavam fazer parte deste momento que ficará não somente na história de Araquari e Santa Catarina, mas do Brasil. 

“Um grande sonho realizado por pessoas de pé no chão”, como diz o prefeito de Araquari, João Pedro. Woitexem que fez questão de agradecer a todos que ajudaram a tornar mais esse desejo da cidade, em possibilidade de crescimento para Santa Catarina e claro, para o município que deve sediar a montadora.

Já o presidente da Fábrica de Motores de Baviera no país, Arturo Piñeiro, deu início aos discursos, apresentando as características da BMW e sua proposta para Araquari. Segundo Piñeiro, a montadora tem por objetivo fabricar carros com tecnologia, designer, conforto, segurança e além de tudo, manter a responsabilidade ecológica e social.  “Comprometemos-nos com a conservação de recursos naturais como parte integrante de nossa estratégia de ação”, afirmou o presidente.

A BMW deu início à fabricação de veículos que possuem maior desempenho e poluem menos, em 1930. Quando os engenheiros da empresa desenvolveram tecnologias para melhorar a eficiência e diminuir a poluição.  “Com o passar dos anos, os estudos se tornaram realidade e a BMW foi classificada como uma empresa sustentável. Graças a gestão energética, construção de baixo peso, aerodinâmica e outras soluções ”, relata Arturo para o auditório. O presidente, ainda continuou com a afirmação de que com certeza a instalação da fábrica em Araquari, será mais uma história de sucesso.

E, outro objetivo, como comenta o secretário, Paulo Bornhausen é : “transformar Santa Catarina em destaque nacional, na obtenção de melhores índices de desenvolvimento social e econômico”.  Atualmente a Fábrica de Motores da Baviera, fatura o equivalente a 120 bilhões de reais por ano. A expectativa é que nos cinco primeiros anos, o faturamento da fábrica de Araquari, chegue a 20 bilhões de reais. Além do faturamento da empresa, os portos catarinenses também saem ganhando durante as exportações, o que deve movimentar economicamente a cadeia portuária. A cidade de Araquari precisará investir em educação e tudo já começa nas escolas, onde o inglês será língua obrigatória. João Pedro, Clenilton e o secretário de turismo, lazer e esporte, Paulino Sérgio Travasso, já iniciaram os estudos da língua estrangeira.

Em Spartanburg, a fábrica da BMW consegue produzir por dia mil automóveis. A fábrica de Santa Catarina também prevê 5 mil empregos indiretos e mil empregos diretos. E todos os funcionários devem receber capacitação para trabalhar na empresa que se preocupou em manter em seu projeto de estrutura, uma sala de aula.

O investimento na fábrica é grande, 200 bilhões de reais, vindos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que já tem prazo para serem repostos nos cofres públicos. Oito anos é o tempo máximo de devolução do empréstimo que deve ser pago por meio dos próprios impostos que a empresa deve reverter ao município. Mas, o que o secretário fez questão de lembrar é que esse investimento não sairá da saúde, segurança e nem educação, o que também foi exigência da própria montadora. Paulo Bornhausen, ainda comenta que é a BMW que vai ajudar Santa Catarina a trilhar com sucesso, o caminho da nova economia.

Sereno, o Ministro do Trabalho, também subiu ao palco para discursar. Manoel Dias levantou a importância do nome da BMW que por si só, deve alavancar a economia no Estado. “ A empresa é a marca mais valorizada no setor automotivo do mundo, é a mais desejada e, ela está se instalando aqui, em Santa Catarina, em Araquari”. O ministro falou pouco e, aproveitou também para parabenizar a equipe que trabalhou nessa conquista da vinda da montadora e fazer seus agradecimentos.

Ideli Salvatti trazia palavras simples e racionais: “A vinda da BMW é bom para todos. E hoje nós estamos comemorando o bom para todos. Todos tiveram que ser bons para isso acontecer”. A ministra parabenizou o Governo Federal na pessoa da presidenta Dilma Rousseff, o Ministério de Desenvolvimento da Industria e Comércio, na pessoa de Fernando Pimentel, o Ministério do Trabalho por meio de Manoel Dias e toda a equipe do governador Raimundo Colombo e do prefeito João Pedro Woitexem.

Ideli ainda chamou a atenção dos representantes da montadora e afirmou que com certeza a fábrica de Araquari trará sucesso e qualidade aos veículos. A ministra brincou dizendo: “E os carros devem sair da cidade com o porta malas cheio de maracujá para acalmar quando o trânsito estiver complicado”.  Agora, o que se espera é que no dia 19 de setembro de 2014, o primeiro automóvel saia da fábrica de Araquari, como previsto.