sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

O preço se torna caro com as condições de deslocamento


Desce um, entram cinco. E o ônibus fica cada vez mais lotado. Incomodam-se com tudo e com todos. Com um tenebroso ruído de dentes, com um angustiante suspiro de cansaço, com os desabafos das mulheres que teimam em traçar os braços por cima do passageiro para segurar na janela, com o intuito de manter o equilíbrio. O passageiro nessa história se torna a vítima. Qual deles? Todos aqueles que diariamente enfrentam a rotina de trabalho, de aula, ou apenas passeiam por Joinville. Todos que merecem no mínimo o direito de se deslocar pela cidade, confortáveis em uma poltrona.

O objetivo no embarque é sentar, mas nem todos conseguem um lugar e a luta diária se faz a todo instante, principalmente das 6h às 8h; e das 11h30 às 12h; das 13h às 14h; logo, das 18h às 19h; e das 22h30 às 23h30. Agora, todos suspiram por retornar ao tão esperado lar. Alguns, imaginam isso o dia inteiro. Ao grampear de uma folha, ao rabiscar de uma caneta, ao segurar uma sacola, lá está a imagem da cama que serve de descanso para o corpo exausto, após mais um dia de cumprimentos de rotinas: na mente dos passageiros que só querem retornar em segurança para o lar.

Maria Serafim de Souza, 49 anos, trabalha como diarista. Todos os dias às 6 horas da manhã ela está de pé. Às 7 horas pega o ônibus da linha Profipo para ir trabalhar em uma casa de família no bairro Saguaçu. Maria desce no terminal do bairro Floresta e entra em outro ônibus Sul que em menos de cinco minutos está lotado. As portas custam a fechar. “Nunca consigo sentar, mas o pior não é ter que ir em pé, o pior é suportar os empurrões”, comenta.


A diarista ganha em média mil reais por mês, trabalhando seis dias por semana das 8 horas da manhã às 8 horas da noite, de segunda a sexta, dividindo seu tempo em três casas diferentes. Porém, gasta com o transporte público R$ 139,20. Dos R$ 860,80 que sobram, R$ 450 reais vão para as compras de alimento do mês.
Maria tem dois filhos adolescentes e é mãe solteira. As contas de água, luz e telefone também são pagas por ela. Dos R$ 410,00 que restam após as compras, R$116,00 vão para o pagamento da luz, R$ 19,00 reais para a conta da água e R$ 58,00 reais para pagar a conta telefônica.

 No fim, Maria ainda consegue manter R$ 217,00 que, às vezes, gasta com roupas e materiais escolares para os filhos. Antes aplicava na poupança, também pensando no futuro das crianças. “Quando a passagem era mais barata eu conseguia colocar um dinheirinho na poupança, mas agora, quase nunca sobra”.
Maria é apenas uma dos tantos passageiros que circulam no transporte coletivo e sua situação financeira ainda não é das piores.

Texto de 2009.

Manifesto contra o aumento da passagem em Jlle


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