sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Quando as pessoas se tornam selvagens



            A psicóloga Jussara Moreira explica que o ser humano tem uma tendência a agressividade, que o instinto agressor está dentro de todos nós, inerte, esperando para ser libertado. E ambientes lotados instigam essa agressão fazendo com que ela apareça, seja por meio de gestos ou expressões, de palavras ou mesmo de agressão física. 
            “Quando o indivíduo se sente encurralado, ou se percebe em um ambiente desconfortável, seus sentimentos mudam e ele libera aquilo que o ambiente está despertando, libera aquilo que o ambiente o faz sentir”, explica Jussara. A psicóloga diz que em ambientes lotados o sujeito se sente pressionado, angustiado, ou mesmo encurralado e, se torna capaz de ser um agressor.
            Quando o passageiro sabe que poderá ficar diante desta situação, faz de tudo para evitá-la, assim se explica o egoísmo presente nos ambientes lotados, a disputa dos passageiros pelo assento e todas as outras atitudes presentes no transporte coletivo. Um ambiente com características de uma selva.

Texto de 2009.

Manifesto contra o aumento da passagem, 2013.




Compartilhando o sofrimento dos enjaulados



Apesar de tudo, você decide compartilhar o sofrimento dos enjaulados. Paga R$ 2,90 para ir e a mesma quantia para voltar, todos os dias. Porque essa, talvez, seja sua única opção.  Lá está você, após um dia cansativo de trabalho e estudo, aliás, você nem sabe se é você. Pega em uma mão que não sabe se é a sua, carrega uma bolsa que não tem certeza ser familiar e pensa coisas que geralmente não pensaria. Ás vezes, você consegue sentar: Que alegria! Nem tanto. Dizem que o inverno é terrível, as pessoas evitam água por causa do frio, mas e no verão? Qual o motivo do fartum?
            Os odores se tornam insuportáveis, mesmo com as janelas abertas. “Meu que cara fedorento”, reclama Pedro Barbosa, de 16 anos. Ele diz que todos os dias usa o transporte coletivo para ir estudar e que suporta os empurrões e xingamentos. “O difícil mesmo é suportar o cheiro do pessoal, principalmente no verão. Parece que essa galera não toma banho”, diz o garoto.

Os pequenos geralmente sofrem mais com isso devido à sua cabeça ficar abaixo de um membro que contribui para o sofrimento: (a axila). Contudo, seja pequeno ou grande, ainda há aqueles que levantam para aquelas que carregam seus filhotes ou que já têm uma idade avançada. Na selva de todos os dias, as leis raramente são respeitadas. Até que alguém decide assumir o controle e obrigar os “macacos” a pagarem mais bananas se quiserem migrar de galho em galho. Lá está ele, no topo da árvore mais alta, na parte mais alta da floresta, o “macaco chefe”.
Ele não tem uma espécie definida, mas diz ser de todos e ainda afirma que tudo o que faz é para o bem de todas as espécies. Uma coisa os lêmures têm em comum com os gorilas, ambos só ganham bananas maçãs, daquelas menores, enquanto o chefe do bando exige seu pagamento com bananas canela. Para alguém que é de todos, está exigindo demais. O chefe do bando jamais pulou de galho em galho, ele tem um cipó só dele que é mantido com dinheiro do povo, “ops”, com as bananas do bando.
 Bem, o chefe dos macacos fica o dia inteiro sentado em uma poltrona de couro, em uma sala com ar condicionado, dizendo sim ou não para tudo, enquanto lêmures e gorilas colhem suas bananas de cada dia. O chefe parece ter suas próprias preocupações e não deve, como diz o adolescente Pedro, se preocupar com a hora que o ônibus vai passar, se vai ter a oportunidade de sentar-se após um dia cansativo de trabalho e estudos, ou se vai continuar um macaco gordo para todo o sempre, tendo que andar pendurado de galho em galho. Ele não se preocupa se as bananas irão chegar para alimentar seus filhotes, pagar as contas da árvore, a escola das crianças, os uniformes ou os materiais. Ele nem tem mais crianças, seus “macaquinhos” já são homens formados que têm todo o apoio do pai.
O chefe do bando não se preocupa com a violência na selva, ele tem macacos grandes que o defendem. Ele nem precisa se esforçar para pensar, porque também tem alguém que faz isso para ele. E lá no “zarco”, como chama Pedro ao ônibus: “Todos os dias é essa luta”, diz o garoto. O engraçado é que enquanto o chefe do bando se refresca em um dia ensolarado, os lêmures e gorilas não só disputam lugar, eles chegam a brigar dentro das jaulas, empurram os anciões, machucam-nos, se ofendem verbalmente, falam sobre coisas obscenas sem se importar se há crianças no recinto. Reclamam da vida, mas quando o negócio é exigir seus direitos de cidadão, eles tremem na base, sentem preguiça, dizem: “Ah, não vai adiantar”.
Pedro Barbosa acha que adianta: “Se todos os passageiros realmente se revoltassem contra essas decisões de aumento de passagem, nós não teríamos que pagar tão caro. A união faz a força”, diz o adolescente empolgado. Pedro acha que as pessoas se acomodam com as decisões tomadas, não só com relação ao aumento das tarifas de transporte público, mas todas as outras decisões governamentais. “Vejo os meus amigos, todos falam, mas na hora de defender os direitos deles, não fazem nada, ficam com medo de dar à cara a tapa”. Pedro Barbosa participou do manifesto contra o aumento da passagem. “Participei e participo de novo e enquanto a população não se tocar que podem estar sendo enganados, ou não se importar com isso, cada vez seremos mais pobres”, diz.

Segundo a opinião de Pedro, a selva do transporte coletivo funciona da seguinte maneira:
Quando um começa a reclamar o outro escuta e se cala, quando um decide enfrentar o chefe do bando, os outros recuam com medo da punição.  Por esta razão, agora, todos os macacos precisam aguentar o aumento da cobrança das bananas que em apenas um ano aumentou três vezes. Precisam aguentar macacos-prego maluquinhos que cantam reps dentro das jaulas quando você volta cansado do trabalho, precisam suportar as fragrâncias alheias de lêmures, gorilas, micos-leão-dourados, babuínos e todas as outras espécies.  
Aguentar babuínos raivosos que discutem com o motorista quando este passa da parada. E os micos-leão-dourados vendendo suas bananas ou pedindo bananas dentro das jaulas, para assim sobreviver. Sem falar nos macacos-prego que não param de cantarolar e bater em seu galho, te cutucar quando você só quer cochilar.
            A lei da selva no transporte coletivo é clara: ninguém nasce querendo ser apenas um macaco, mas quando isso ocorre, é preciso saber lidar com a situação e enfrentar as dificuldades, exigir seus direitos. Bem, uma coisa ficou esclarecida: Agora sabemos por que tantos macacos querem ser um macaco chefe.

Texto de 2009.

Manifesto contra o aumento da passagem 2013

Instintos selvagens


            Neste ambiente, nesta selva, tem de tudo, desde criança de colo, recém-nascido à  idosos apoiados por suas bengalas. Desde homens, mulheres aos não tão homens ou tão mulheres. Desde eruditos aos que pouco se importam com o intelecto, ou, aos que não tiveram oportunidade de se importar.
Gente com uniforme escolar, com uniforme de empresas, gente sem uniforme, com roupa da moda ou nem tão na moda, pessoas mais discretas e comportadas e os não tão discretos e pouco comportados.

Quer melhor lugar para conhecer pessoas diferentes?

Você vai encontrar pessoas de cabelos loiros, que muitas vezes nem tão loiros assim são. Os ruivos, morenos e até os coloridos. Esses são os que mais me fascinam: rosa, verde e tem até azul!
O ônibus pára e sobe a multidão, ou deveria dizer... Bando? O transporte público vira uma selva, onde gorilas e lêmures lutam por um lugar no galho e adivinhem? Nem sempre os gorilas ganham, porque os lêmures costumam andar em bandos. Empurra daqui e empurra de lá. Logo se chega à vitória, não importa se você chegou sozinho, se está acompanhado, se carrega mais alguém, ou se não carrega é nada, o que importa é simplesmente a satisfação de poder sentar. Os maiores, geralmente são os predadores e costumam esmagar os menores quando têm chance, mas, nem sempre a tem, porque os pequenos são ligeiros.
Aqueles que não conseguem um lugar no “galho” são obrigados a ficar de pé, se conseguirem um espaço. Os sentados nem sempre recebem todo o conforto que esperam. As cargas carregadas pelos que estão em pé são armas mortais para os que dentro das jaulas se encontram, elas têm o poder de machucar qualquer um, ou simplesmente, de irritar.
A mulher robusta de cabelos negros e lisos no comprimento da cintura se incomoda com os adolescentes agitados que apesar de apertados não param de se cutucar, esfregando a mochila no rosto da moça. “Que falta de educação, tira essa porcaria dessa mochila das costas garoto”, fala em tom alto e exigente. O rapaz avermelha a face, mas aceita a exigência e coloca a mochila no chão.

            De súbito, quando o ônibus estava para sair, uma mulher de 53 anos aproximadamente começa a gritar para o motorista abrir a porta que ela quer descer: “Pára, abre a porta que eu não vou andar nesse ônibus, todo mundo vai morrer, está muito cheio e está tudo enferrujado”. A mulher descontrolada esbarra nos passageiros, forçando-os a se moverem para conseguir descer. “Cala a boca velha, fecha a porta motorista que ela está aqui no fim e não vai conseguir passar, ela vai descer quando a gente descer”, grita uma outra mulher de aproximadamente 40 anos.

            A discussão começa, as duas mulheres batem boca, os adolescentes riem e cochicham, as crianças olham assustadas e o motorista arranca o ônibus. A mulher se enfurece e quebra o vidro de uma das janelas. “Sua louca! Vai para o hospício. Está todo mundo atrasado para trabalhar e essa louca pirando no ônibus”.  O motorista pára o ônibus, chama o fiscal, o fiscal analisa a janela pelo lado de fora, e diz aos passageiros que terão que descer e esperar outro ônibus porque não podem sair com o transporte danificado.

            Os passageiros enfurecidos iniciam as reclamações e pedem para seguir no mesmo ônibus. Após quase dez minutos de conversas e ameaças, o fiscal aceita o pedido e libera o transporte. “Eu quero sair daqui”, grita a mulher que quebrou a janela. O motorista fecha a porta a pedido dos passageiros e toca o veículo. “Fica quieta se não quiser apanhar, mulher”, ameaça um senhor que estava fora de minhas vistas. A mulher emudece e o ônibus parte para o Centro da cidade. 

Texto de 2009.

Manifesto contra aumento da passagem em Joinville


Participativa



Após ouvir a história de Maria comecei a observar os rostos, os gestos e expressões de cada pessoa que embarcava e descia do transporte coletivo. Comecei pela linha Profipo, partindo do bairro Santa Catarina. Enquanto aguardava o ônibus no ponto, percebi que as pessoas chegavam lentamente e buscavam um lugar à sombra. Primeiro apareceu uma moça de aproximadamente 35 anos, baixa estatura, pescoço largo, cabelos crespos e amarrados feito um coque, saia jeans no comprimento abaixo dos joelhos, botas cano médio na cor marrom e um casaco preto. Ao lado, ela carregava uma bolsa pequena na mesma cor do casaco.
            A moça de pele morena tinha dentes ralos e olhos negros. Não era dona de beleza física admirável, mas aparentava ser simpática. Em seguida, se aproximou uma mulher de cabelos tingidos na cor loura, magra, alta, vestindo uma calça jeans e o que me pareceu um tanto peculiar era que calçava o mesmo modelo e cor de botas da moça morena. “Bom dia”, cumprimentou a moça morena e a mim.

            Logo, outras pessoas chegaram para cumprir suas rotinas. Uma adolescente de 16 anos que estava indo para a escola, um rapaz de cabelos arrepiados e com o rosto coberto de espinhas e sardas que partia para o trabalho e três crianças que tinham por objetivo chegar à escola. Essas três crianças me chamaram a atenção. Eram três irmãos. Dois meninos gêmeos de 7 anos, morenos, cabelos bem curtinhos, que me lembraram cabelos de soldadinhos. E uma menina loira, de olhos azuis e cabelos cortados na altura do pescoço. A menina aparentava ter 9 anos.
Primeiro me chamaram a atenção pela “algazarra” que faziam pela estrada, a menina e um dos irmãos rindo e discutindo com o outro irmão. O ônibus chegou e todos embarcaram. Pela janela vi uma mulher correndo na direção do ônibus, ela usava um uniforme de creche. Quando perguntei por que a pressa, ela respondeu: “Sempre preciso correr porque não posso me atrasar para o trabalho, se perder esse ônibus a minha chefe me mata”. Após a brincadeira, deu um sorriso e passou a roleta.
            O ônibus já estava com os bancos quase todos ocupados com passageiros, mas, algumas das pessoas ainda conseguiram sentar. As crianças passaram a catraca, os dois irmãos pagaram apenas uma passagem e a garotinha a outra. O motorista não gostou: “Vocês sempre fazem isso, se passarem mais um dia assim, eu faço vocês descerem do ônibus”, disse o homem moreno de face larga e olhos puxados. Havia mais nove pontos de parada e o ônibus lotou em pouco tempo.

            Duas mulheres conversavam, não conseguia ver seus rostos, mas ouvia a conversa, que seguia dessa forma:
Mulher 1 : Pois então, e a minha filha que não quer mais saber de outra coisa, só do Michael Jackson.
Mulher 2 : Por que? Quantos anos ela tem?
Mulher 1: Tem 13 anos, mas só fala no Michael, Michael pra lá, Michael pra cá. A tela do computador dela tem a foto do Michael, o plano de fundo do celular também e o toque é uma música dele. Todos os dias ela roda aquele CD em casa e fica dançando.
Mulher 2 : Ah, está na fase da adolescência, é assim mesmo.

            O ônibus chegou ao terminal, desci dele e entrei no Sul. Quando cheguei à parada deste ônibus, em torno de 300 pessoas o esperavam, entre estudantes, trabalhadores e pessoas que precisam fazer qualquer outra coisa fora de seus bairros. Não consegui entrar no primeiro ônibus que encostou, mas entrei no próximo. O veículo parou, a porta abriu e o instinto selvagem do ser humano se aflorou. As pessoas se empurravam não se importando com quem poderia estar em sua frente, não levando em consideração nem idosos, nem crianças. Todos queriam apenas entrar, queriam um lugar para sentar, ou pelo menos um lugar para ir de pé.

Texto de 2009.
Manifesto contra o aumento da passagem em Joinville



O preço se torna caro com as condições de deslocamento


Desce um, entram cinco. E o ônibus fica cada vez mais lotado. Incomodam-se com tudo e com todos. Com um tenebroso ruído de dentes, com um angustiante suspiro de cansaço, com os desabafos das mulheres que teimam em traçar os braços por cima do passageiro para segurar na janela, com o intuito de manter o equilíbrio. O passageiro nessa história se torna a vítima. Qual deles? Todos aqueles que diariamente enfrentam a rotina de trabalho, de aula, ou apenas passeiam por Joinville. Todos que merecem no mínimo o direito de se deslocar pela cidade, confortáveis em uma poltrona.

O objetivo no embarque é sentar, mas nem todos conseguem um lugar e a luta diária se faz a todo instante, principalmente das 6h às 8h; e das 11h30 às 12h; das 13h às 14h; logo, das 18h às 19h; e das 22h30 às 23h30. Agora, todos suspiram por retornar ao tão esperado lar. Alguns, imaginam isso o dia inteiro. Ao grampear de uma folha, ao rabiscar de uma caneta, ao segurar uma sacola, lá está a imagem da cama que serve de descanso para o corpo exausto, após mais um dia de cumprimentos de rotinas: na mente dos passageiros que só querem retornar em segurança para o lar.

Maria Serafim de Souza, 49 anos, trabalha como diarista. Todos os dias às 6 horas da manhã ela está de pé. Às 7 horas pega o ônibus da linha Profipo para ir trabalhar em uma casa de família no bairro Saguaçu. Maria desce no terminal do bairro Floresta e entra em outro ônibus Sul que em menos de cinco minutos está lotado. As portas custam a fechar. “Nunca consigo sentar, mas o pior não é ter que ir em pé, o pior é suportar os empurrões”, comenta.


A diarista ganha em média mil reais por mês, trabalhando seis dias por semana das 8 horas da manhã às 8 horas da noite, de segunda a sexta, dividindo seu tempo em três casas diferentes. Porém, gasta com o transporte público R$ 139,20. Dos R$ 860,80 que sobram, R$ 450 reais vão para as compras de alimento do mês.
Maria tem dois filhos adolescentes e é mãe solteira. As contas de água, luz e telefone também são pagas por ela. Dos R$ 410,00 que restam após as compras, R$116,00 vão para o pagamento da luz, R$ 19,00 reais para a conta da água e R$ 58,00 reais para pagar a conta telefônica.

 No fim, Maria ainda consegue manter R$ 217,00 que, às vezes, gasta com roupas e materiais escolares para os filhos. Antes aplicava na poupança, também pensando no futuro das crianças. “Quando a passagem era mais barata eu conseguia colocar um dinheirinho na poupança, mas agora, quase nunca sobra”.
Maria é apenas uma dos tantos passageiros que circulam no transporte coletivo e sua situação financeira ainda não é das piores.

Texto de 2009.

Manifesto contra o aumento da passagem em Jlle


terça-feira, 8 de janeiro de 2013

A selva do transporte coletivo


O Consumo de Serviço do Transporte Coletivo

            Um estudo realizado pela CONURB com parceria do IPPUJ (Instituto de Pesquisa e Planejamento para o Desenvolvimento Sustentável de Joinville) levantou a estimativa de 691.755 (seiscentos e noventa e um mil e setecentos e cinqüenta e cinco) viagens por dia na cidade, dados de 2009. Estes números somavam todas as formas de deslocamento em Joinville, seja de pé, de carro, ônibus ou motocicleta.  O transporte coletivo chegava a deslocar 200 mil passageiros em um dia útil, ou seja, quase 22% da estimativa.
            Nessa época, a frota de ônibus na cidade estava organizada em uma rede de 135 linhas, sendo 123 de operação regular e 12 que realizavam atendimentos especiais, em determinados momentos do ano, como no período de festas, quando era necessário aumentar a frota para comportar o número de passageiros que se deslocavam pela cidade. As viagens com destino ao Centro de Joinville eram as que registravam um número maior de embarque e desembarque. Na hora de pico da manhã e da tarde, 65% da oferta de serviço municipal estava nesse conjunto de linhas.
            Das 6 horas 45 minutos às 8 horas havia um registro de 18 mil passageiros transportados no sentido bairro-centro. O pico da tarde era entre 5 horas e 30 minutos e seis horas e 35 minutos, com os mesmos 18 mil passageiros no sentido contrário. Na cidade havia ainda o pico do horário de almoço do meio dia à uma hora que representava 65% da demanda média dos picos da manhã e da tarde.
            O movimento de passageiros chegava a 200 por minuto no horário de pico da tarde. Estes índices foram os maiores já registrados em todo o sistema municipal de ônibus. Em um dia útil, o serviço municipal de transporte coletivo deslocava 200 mil passageiros pagantes, em um sábado o registro chegava a 100 mil passageiros e durante um domingo o número atingia 54 mil.
            Considerando que os 200 mil passageiros compravam a passagem antes do embarque e por esta razão pagavam por ela R$2,30 (dois reais e trinta centavos) e, levando em conta que os passageiros que se deslocavam para algum lugar precisavam voltar, pode-se afirmar que no mínimo, cada um desses passageiros gastava por dia R$ 4,60 (quatro reais e sessenta centavos). Desta forma, em um dia útil os duzentos mil passageiros pagavam R$ 920 mil reais para o transporte coletivo. No mês de setembro, somando 22 dias úteis o faturamento em passagens chegava a mais de 20 milhões de reais. Os quatro sábados do mês registravam R$1.840.000 (um milhão e oitocentos e quarenta mil reais). Os quatro domingos tinham o faturamento de R$993.600,00 (novecentos e trinta e três mil e seiscentos reais). Assim, chegamos à soma de R$22.833.600,00 (vinte e dois milhões oitocentos e trinta e três mil e seiscentos reais), no mês de setembro de 2010. Num período de um ano, o faturamento é de aproximadamente 250 milhões de reais.
            Hoje, quatro anos depois, se somássemos os mesmos 200 mil passageiros, número que teve aumento razoável, a arrecadação diária, considerando o novo valor de R$2,90 (dois reais e noventa centavos), chega à 1 milhão 160 mil reais. O faturamento que muitas das grandes empresas desejam ter em pelo menos um ano. Esses são apenas números para se pensar. Claro que é necessário averiguar os gastos com manutenção, pagamento de funcionários e combustível para se obter uma comparação justa.

Texto de 2009.


Manifestação contra o aumento da passagem em Jlle