Dona de uma boa conversa, sempre
disposta e bem humorada. É assim que passa os dias Eloina Batista, de 65
anos. Ela é casada, dona de casa, mãe de Ana Carolina Batista, de 28
anos e Jorge Felipe Batista, de 25 anos e ainda, ora ou outra, se vê
tecendo xales, blusas, calças e outras peças artesanais feitas pelo tear
e claro, pelas ligeiras mãos de Lina, como é conhecida pelos amigos.
Ela, a mulher artesã que se orgulha dos diversos diplomas de cursos de
artesanato, hoje ocupa outra função tão ou mais delicada que a arte de
tecer.
Atualmente sua vida é de
dedicação total ao “pequeninho” como chama ao filho que foi
diagnosticado com Síndrome de Down, após nascer. “São 25 anos de
dedicação ao Jorge, no começo era mais difícil de lidar com ele, mas,
agora já tenho o jeito”, comenta sorridente e orgulhosa.
O
tempo fez com que a mãe compreendesse as necessidades de Jorge e
adaptasse sua vida para estar sempre perto do filho. “Ele é muito
inteligente e comunicativo, é esperto que só e adora música”. Jorge não
toca nenhum instrumento musical, mas manuseá-los o deixa feliz e
cantarolar as músicas que aprende é um momento de descontração para ele.
Ela
ri, ela brinca, dá bronca quando necessário e aqueles “empurrõezinhos”
de incentivo no rapaz, quando ele acorda sem vontade de ir para a
escola. Jorge frequenta desde os três anos de idade a Associação de Pais
e Amigos de Excepcionais de Araquari (APAE). “Ele foi o primeiro aluno
da APAE, praticamente fundou a entidade”, brinca a mãe.
Quando
ainda era criança, dona Eloina sempre o acompanhava, mas quando o
menino cresceu, ela passou a levá-lo para a APAE e aguardar seu regresso
com o café pronto, em casa. “Jorge adora comer, e ele até escolhe o
cardápio”, diz enquanto recorda como são os dias com o filho.
Aos
sete anos foi quando Jorge começou a Andar. Até lá dona Lina já cansada
de levar o menino crescido no colo improvisou um táxi: “O Jorge chegava
de táxi na escola e as crianças gritavam: ‘olha, lá vem o táxi do
Jorge’”, gargalha ao recordar da ideia que teve para transportar o
filho. O táxi ao qual as crianças falavam era um carrinho de mão que por
muitos anos foi companheiro de mãe e filho durante os trajetos até a
APAE.
Apesar da energia que
transparece, dona Eloina afirma que cuidar de Jorge não é tão simples:
“O Jorge não é fácil. É dedicação total a ele”. Segundo a mãe, quando o
rapaz acorda de bom humor, ele já toma as iniciativas como: lavar o
rosto, fazer a cama ou pegar sua própria comida. “Mas quando ele acorda
bravo, se senta nessa mesa e fica aqui emburrado, sem fazer nada”, diz.
A
rotina de Jorge é assim, ele acorda, faz as necessidades básicas,
almoça e vai para a aula na APAE, sempre com Lina ao seu lado. “Quando
ele não quer ir é difícil fazer ele mudar de ideia, mas eu dou meu
jeito”, conta. Ao falar do filho ri das peripécias do menino e de suas
próprias histórias. “Jorge apronta cada uma”. Dona Lina é uma mãe
orgulhosa dos filhos e sua principal característica é buscar a
felicidade da família. Como? Sendo ela própria muito alegre. “A gente
tem que esquecer das dificuldades e seguir em frente com alegria”.
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